BE propõe suplemento para professores deslocados e exige valorização da carreira

“Tem de haver um suplemento aos professores para poderem pagar habitação. A crise da habitação é uma crise do ensino”, defende a líder bloquista Mariana Mortágua.

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A líder do Bloco de Esquerda visitou a Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, propôs esta terça-feira um suplemento para professores deslocados "poderem pagar habitação" e exigiu ao Governo a valorização da carreira docente, acusando-o de "falhanço total" na educação.

"Há coisas que o Governo pode fazer e o Parlamento pode fazer. Em primeiro lugar, pagar deslocações: tem de haver um suplemento aos professores para poderem pagar habitação. A crise da habitação é uma crise do ensino, hoje. Resolver a crise da habitação é necessário e é preciso também dar um suplemento aos professores deslocados", considerou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas.

A coordenadora bloquista esteve esta manhã na Escola Secundária de Santa Maria, no concelho de Sintra, onde se reuniu com o director e exigiu ao executivo que respeite a carreira dos professores.

"Valorizar a profissão, garantir que nós hoje conseguimos atrair professores. Longe vão os tempos em que a direita e o PSD diziam aos professores para emigrarem, que tínhamos professores a mais. Foi um erro, foram anos sucessivos de erros e que agora se pagam com falta de professores em todas as escolas", salientou a líder bloquista, alertando que a escola secundária que visitou esta terça-feira tem "mais de duas dezenas de turmas sem professores".

Para Mariana Mortágua, esta escola secundária "é o reflexo do país" e do "falhanço total do Governo em resolver os problemas da educação em Portugal". A líder bloquista alertou que "há professores do quadro sobrecarregados para tapar os buracos que são deixados pela falta de professores" e há ainda "professores contratados sem habilitações adequadas para dar certas disciplinas".

"Esta escola, e o relato que nos foi feito pelo director da escola é o retrato de uma impossibilidade: não é possível gerir uma escola, não é possível dar uma educação de qualidade aos alunos, e a que é dada sai do esforço dos professores nestas condições", afirmou Mortágua. E continuou: "O que atrapalha a aprendizagem é não haver professores suficientes para todo o país".

"O que atrapalha a aprendizagem é um professor ter que viver numa carrinha para poder dar aulas. E eu pergunto qual é o aluno que pode aprender e que tem um ensino de qualidade quando é ensinado por um professor cujo esforço passa por viver numa carrinha ou por dividir uma casa aos 40, 50 anos, sem qualquer possibilidade de poder ter uma vida, uma vinculação, uma vida com qualidade, isso está a comprometer a educação", lamentou.

Na passada sexta-feira centenas de professores e trabalhadores não docentes saíram à rua em Lisboa, numa manifestação convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop), para pedir a demissão do ministro da Educação, João Costa, e exigir soluções para vários problemas que denunciam na escola pública.

A manifestação, que encerrou uma semana de greve convocada pelo Stop, foi a primeira de profissionais das escolas no ano lectivo 2023/2024, em que os docentes e não docentes prometem manter a contestação, à semelhança do ano anterior. A principal reivindicação é a recuperação do tempo de serviço que esteve congelado (seis anos, seis meses e 23 dias), além de problemas como a falta de professores, assistentes técnicos e operacionais.

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