Rublo cai 25% e atinge marca dos 100 rublos por dólar

Apoiantes de Putin culpam banco central da Rússia por política monetária “demasiado branda”.

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O presidente russo, Vladimir Putin EPA/MIKHAEL KLIMENTYEV/SPUTNIK/KREMLIN POOL / POOL
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A desvalorização da moeda russa registou uma nova marca histórica, atingindo os 101,04 rublos por dólar esta segunda-feira. Contra o euro, a moeda russa atingiu nível mais baixo desde Março de 2022, nos 110 rublos pela moeda da zona euro. Enfraquecida pelas sanções da comunidade internacional contra o Kremlin depois da agressão à Ucrânia e pelo financiamento da máquina de guerra, a divisa russa já perdeu cerca de 25% do valor este ano.

O Financial Times assinala que a queda do rublo ao longo destes meses de 2023 anulou a valorização registada no ano passado, quando a subida dos preços do petróleo e, em particular, do gás natural impulsionaram as receitas russas e deram respaldo às políticas de Moscovo.

Mas, com o ajustamento entretanto registado nos mercados energéticos – que fez com que muitos países se voltassem para novos fornecedores de gás e levou a que os preços se estabilizassem –, e com o garrote nas receitas que chegam à economia russa, a factura da guerra começa a pesar sobre as finanças do país.

“São poucas as divisas que entram no país e gerou-se um quadro de escassez”, disse ao FT um ex-ministro da Energia russa, Vladimir Milov, que agora, no exílio, se opõe ao regime de Vladimir Putin. “As importações recuperaram para os níveis pré-guerra, mas agora importamos todos os bens de consumo e equipamentos da China, Turquia, Ásia Central e Emirados Árabes, e não do Ocidente”, afirmou o ex-governante.

As importações estão mais caras e têm de ser pagas, o problema é que “ninguém quer rublos”, acrescentou.

O desequilíbrio da balança corrente ameaça continuar a enfraquecer a moeda russa e a aumentar as pressões inflacionistas no país, exercendo pressão sobre o banco central presidido por Elvira Nabiullina, que, no ano passado reduziu a taxa de referência de 20% para 7,5%.

Os apoiantes de Putin têm vindo a atribuir a queda da moeda à política monetária do banco central russo. “A principal causa para o enfraquecimento do rublo e para a subida da inflação é uma política monetária demasiado branda”, escreveu um dos principais conselheiros de Putin, Maxim Oreshkin, num artigo de opinião para a agência russa Tass, em que criticou abertamente a actuação de Nabiullina.

Citado pela Reuters, Oreshkin defendeu que o banco central “tem todas as ferramentas para normalizar a situação num futuro próximo e assegurar que os juros se reduzem para níveis sustentáveis”.

Já esta tarde, foi avançado que o banco central russo irá realizar esta terça-feira uma reunião extraordinária sobre a taxa de juro directora, noticiou a Lusa. "Na terça-feira, 15 de Agosto de 2023, vai realizar-se uma reunião do conselho de administração do Banco da Rússia para analisar o nível das taxas de juro", indicou o banco central em comunicado, citado pela agência noticiosa portuguesa.

Em Julho, o banco central russo subiu a sua taxa de em 100 pontos-base (ou um ponto percentual), para 8,5%, devido às pressões inflacionistas e alguns analistas acreditam que poderá fazer um movimento semelhante ainda antes da reunião de 15 de Setembro.

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