Banco Central da Rússia desce juros para 11%

Abrandamento da inflação dá margem para novo corte em Junho. Condições externas restringem “significativamente a actividade económica”.

Foto
Reuters/SPUTNIK

O Banco Central da Rússia (BCR) anunciou uma nova descida da taxa de juro de referência, de 14% para 11%, nesta quinta-feira, sinalizando que vê espaço para nova redução no próximo mês, à medida que a inflação desce de níveis máximos das duas últimas décadas.

A descida de 300 pontos base será efectiva a partir de 27 de Maio, revelou a autoridade monetária russa num comunicado em inglês.

A instituição justificou este corte com o abrandamento da pressão inflacionista “devido às dinâmicas da taxa de câmbio do rublo e ao declínio evidente das expectativas das famílias e empresas” quanto à evolução dos preços.

É a segunda descida desde o início da guerra contra a Ucrânia – quatro dias depois da invasão russa, a 28 de Fevereiro, o banco central subiu as taxas de juro de 10% para 20%, uma medida de emergência para travar a subida da inflação.

Depois da queda abrupta registada no início da guerra, a moeda russa recuperou e já está ao nível mais alto desde 2020. A Reuters escreve que o rublo “é a divisa com melhor performance em 2022”, suportada pelas medidas de controlo de capitais que Moscovo impôs desde então e que agora, segundo o BCR, podem de algum modo “ser relaxadas”. Um rublo equivale, ao câmbio actual, a cerca de 0,016 euros e 0,017 dólares.

“Em Abril, a taxa de inflação homóloga atingiu 17,8%, mas, com base nas estimativas, a partir de 20 de Maio abrandou para 17,5%”, descendo mais depressa do que aquilo que o banco presidido por Elvira Nabiullina previu, lê-se no comunicado.

Com as taxas altas, os russos continuam a canalizar os seus rublos para depósitos a prazo e a actividade de concessão de crédito permanece fraca, o que torna necessário “aliviar as condições monetárias”, refere o banco, admitindo ainda que “as condições externas para a economia russa continuam a ser desafiantes e a restringir significativamente a actividade económica” do país.

Segundo o ex-ministro das Finanças e actual presidente do Tribunal de Contas da Rússia, Alexei Kudrin, “a previsão oficial é de uma queda de cerca de 10% [da economia russa em 2022]”.

No comunicado desta quinta-feira, o BCR acrescenta que vai continuar a ter em conta as dinâmicas da inflação e o comportamento dos mercados financeiros, “mantendo em aberto a possibilidade de reduções da taxa directora nas próximas reuniões”. A próxima reunião terá lugar no dia 10 de Junho.

O BCR adianta ainda que a inflação homóloga deverá cair para 5,0% a 7,0% em 2023 e regressar aos 4% em 2024, mas não faz qualquer menção à inflação esperada para este ano.

Sugerir correcção
Comentar