Há menos candidatos ao ensino superior, mas número continua acima dos máximos da pré-pandemia

Número de candidaturas à 1.ª fase do concurso nacional de acesso próximo dos 60 mil estudantes, em linha com o registado nos últimos anos. Resultados das colocações são conhecidos no dia 27 de Agosto.

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É o quarto ano com o número mais elevado de sempre de candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso Matilde Fieschi
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É o quarto ano com o número mais elevado de sempre de candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso: um total de 59.364 estudantes candidatou-se para ingressar no ensino superior no próximo ano lectivo. Apesar disso, e de o número continuar a ultrapassar os máximos históricos registados antes da pandemia de covid-19, representa também uma diminuição de candidatos face a 2022, quando concorreram 61.473 alunos ao superior. A 1.ª fase do concurso nacional de acesso terminou à meia-noite desta segunda-feira.

"Sabemos que há menos cerca de 2090 candidatos em relação ao ano anterior. É um ano diferente dos últimos anos, em que tem havido um aumento de candidatos ao ensino superior, e creio que reflecte um bocadinho a tendência da população", refere a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (​CCISP), Maria José Fernandes, ao PÚBLICO. Porém, não deixa de notar que o número de candidaturas ao ensino superior "continua a ser elevado e continua a existir vontade dos jovens" no prosseguimento dos estudos.

"É um número menos positivo, mas que pode ser colmatado até por via dos outros concursos, mas também pelos cursos técnicos ou profissionais, onde já há um número significativo de estudantes", acrescenta ainda.

Já o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira, olha para a redução como uma "inevitabilidade" face ao "inverno demográfico" português. "Penso que vai ser uma inevitabilidade nos próximos anos porque o número de candidatos há-de sempre diminuir ao longo dos anos. É um facto que a nossa pirâmide etária está completamente invertida e o número de jovens reduz-se de ano para ano", reflecte.

Apesar disso, ressalva que os números são positivos: "Há uma percepção entre os nossos jovens de que ter uma formação de nível superior continua a ser uma ferramenta importante para ter um futuro com alguma qualidade e com alguma competitividade no mercado de trabalho."

Em declarações ao PÚBLICO nesta segunda-feira, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, notava os "números muito positivos" de candidaturas deste ano. As candidaturas estão em linha com o registado nos últimos anos, próximo dos 60 mil estudantes.

As regras de ingresso aplicadas na sequência da pandemia de covid-19, com os exames nacionais a deixarem de ser obrigatórios para a conclusão do ensino secundário e os alunos a terem de responder apenas às provas específicas exigidas pelos cursos em que querem entrar, contribuíram para este aumento, concordam especialistas e responsáveis das instituições de ensino superior.

Nos últimos três anos, o número de candidatos na 1.ª fase do concurso nacional de acesso esteve sempre acima dos 60 mil, tendo sido fixado um recorde de 63.878 estudantes em 2021. No ano passado, houve uma ligeira diminuição, mas o total de alunos que manifestaram intenção de entrar no ensino superior foi o terceiro mais alto de sempre: 61.835. Em 2019, o último ano antes da covid-19, concorreram 51.463 alunos.

Os resultados das colocações são conhecidos no dia 27 de Agosto. Ao dispor dos candidatos está um total de 54.311 vagas — um novo máximo histórico —, depois de o Governo ter autorizado, já durante o mês de Julho, a entrada em funcionamento de 11 novos cursos no próximo ano lectivo.

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