Erdogan suspende campanha e interrompe entrevista por problemas no estômago

Presidente turco, com 69 anos, procura reeleição para um último mandato, mas as sondagens mostram principal candidato da oposição à frente ou a muito pouca distância.

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Recep Tayyip Erdogan está na presidência da Turquia desde 2014 PRESIDENTIAL PRESS OFFICE/Reuters

A duas semanas e meia de umas eleições presidenciais com desfecho imprevisível, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan cancelou as acções de campanha por um dia, depois de na terça ter interrompido uma entrevista televisiva em directo devido a problemas no estômago.

Erdogan, de 69 anos, teve um dia preenchido na terça-feira, com três acções de campanha e uma entrevista. De acordo com a AFP, o líder turco apareceu na televisão com mais de hora e meia de atraso e, ao fim de dez minutos, a emissão foi suspensa.

Um quarto de hora mais tarde, Erdogan reapareceu e pediu desculpas. “Ontem e hoje foram dias de trabalho duro. Por isso fiquei mal do estômago”, disse o Presidente, que procura a reeleição a 14 de Maio para um inédito terceiro mandato presidencial.

Esse objectivo afigura-se hoje mais difícil do que em qualquer momento da longa carreira política de Erdogan, que enfrentará três candidatos nas urnas. Dentre eles, é a Kemal Kilicdaroglu, escolhido por uma coligação de seis partidos na oposição ao actual Presidente, que as sondagens de várias empresas apontam possibilidades de poder ficar com o lugar de Erdogan.

Ambos os candidatos surgem nos estudos de opinião com 40% a 50% nas intenções de voto, a pouca distância um do outro. Se ninguém obtiver mais de 50% na primeira volta, realiza-se uma segunda, possivelmente a 28 de Maio. Uma segunda volta seria inédita para Erdogan.

Os sismos devastadores de 6 de Fevereiro, que causaram mais de 50 mil mortos e deixaram várias cidades turcas em ruínas, vieram acentuar os problemas de uma Turquia que estava já mergulhada em crises económica e inflacionária profundas. A resposta inicial do Governo de Erdogan aos terramotos foi considerada lenta e desadequada por muitos turcos, que encheram as redes sociais com queixas. Além disso, a comprovada falta de qualidade na construção de muitos edifícios pôs em xeque as políticas adoptadas pelo AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) ao longo dos últimos 20 anos.

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