TAP: PSD exige explicações a Costa sobre alegado acordo do Governo com accionista privado

Em causa está um acordo que terá sido feito entre o executivo e o accionista privado David Neeleman, em 2017, e que terá permitido ao empresário receber 55 milhões de euros quando saiu do capital.

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Miguel Pinto Luz é vice-presidente do PSD Daniel Rocha

O PSD exigiu este sábado explicações ao primeiro-ministro sobre um alegado acordo entre o Governo e o accionista privado da TAP em 2017, que teria permitido ao empresário David Neeleman receber 55 milhões de euros quando saiu da companhia.

Em comunicado, intitulado "Os acordos secretos do socialismo na TAP", o vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz exigiu a António Costa e outros ex-governantes e responsáveis na empresa explicações urgentes sobre uma notícia do jornal Correio da Manhã.

"Ficámos agora a saber - de acordo com revelações da imprensa - que terá existido um acordo secreto em 2017. Nessa alegada reunião entre António Costa, Pedro Marques e David Neeleman, o Partido Socialista e o sr. primeiro-ministro terão permitido que o empresário norte-americano pudesse antecipar os 226 milhões de euros antes do prazo de 30 anos que o governo do PSD/CDS tinha estabelecido", afirmou Miguel Pinto Luz.

O vice-presidente social-democrata acrescentou que "terá sido esta mudança que permitiu que David Neeleman se tornasse no único empresário do sector da aviação civil que lucrou mais de 55 milhões de euros no período da pandemia".

"São dados que exigem confirmação e justificações urgentes e que servem para adensar a teia de má gestão, compadrio, ligeireza e abuso de poder que o dossiê TAP nos tem relevado publicamente", exige.

Para o vice-presidente do PSD, "a gravidade dos factos reforça as preocupações do PSD, que reitera a necessidade de ouvir o primeiro-ministro num tema da maior importância para o país".

"Consideramos que é o responsável máximo de tudo o que se passou nos últimos sete anos na TAP", reforçou.

Pinto Luz referiu que o PSD já tinha pedido a audição parlamentar dos antigos governantes Pedro Marques e Miguel Cruz e do ex-administrador da TAP Diogo Lacerda Machado e irá reforçar na segunda-feira a urgência dessas explicações na Comissão de Economia.

"Tamanho erro de gestão por capricho ideológico custou mais de 3,2 mil milhões de euros aos contribuintes portugueses. Além de, não menos importante, causar graves e importantes danos de consequências ainda por medir na imagem e credibilidade de uma importante marca que é a TAP", criticou.

Entretanto, o Chega divulgou um requerimento, em que pede que o primeiro-ministro possa, "por escrito", prestar esclarecimentos à comissão parlamentar de inquérito à TAP sobre o mesmo assunto. Quer ainda ter acesso a toda a documentação e que sejam identificados os intervenientes naquele acordo.

Segundo a notícia do Correio da Manhã, foi feita em 2017 uma alteração ao acordo inicial de venda directa da TAP em 2015, no qual tinha ficado estabelecido que os 226 milhões de dólares que a Atlantic Gateway (consórcio composto pelos accionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa) injectou na empresa teriam de permanecer na transportadora aérea durante 30 anos.

No entanto, segundo o jornal, em Junho de 2017, o Governo de António Costa garantiu à Atantic Gateway o direito de poder receber os fundos antes do prazo de 30 anos, em caso de um evento de bloqueio ou de incumprimento da Parpública, que concentrava as acções detidas pelo Estado na TAP.

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