Rússia e Turquia pedem fim dos “obstáculos” às exportações de fertilizantes

Na Turquia, Lavrov disse que o corte do sistema de pagamentos SWIFT e a falta de acesso a seguradoras está a prejudicar as exportações de fertilizantes e cereais.

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Acordo de Julho do ano passado tem permitido o transporte seguro de cereais e outros produtos a partir dos portos ucranianos Reuters/YORUK ISIK

A Rússia e a Turquia defenderam esta sexta-feira que os obstáculos às exportações de cereais e fertilizantes russos devem ser levantados e que o acordo mediado pelas Nações Unidas que viabiliza a exportação de cereais ucranianos através do mar Negro deve ser prolongado para além do próximo mês.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que discutiu com o homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, o “falhanço” na implementação do acordo de transporte de cereais no mar Negro.

Também afirmou que a Rússia pode operar fora do âmbito desse acordo se os países ocidentais mantiverem o que definiu como “obstáculos” às exportações agrícolas, que considerou estarem a ficar mais duros.

O acordo, fechado em Julho do ano passado, garante a passagem segura de cereais e outros produtos saídos de portos ucranianos, apesar de estar em curso um bloqueio naval russo. No mês passado, a Rússia disse que iria prolongá-lo por mais 60 dias, ainda que a ONU, a Ucrânia e a Turquia tenham insistido numa extensão de 120 dias.

Ao lado de Lavrov, Cavusoglu disse que a Turquia está empenhada em garantir que o acordo se prolongue para além de meados de Maio.

“Atribuímos uma grande importância à continuação do acordo (…), não apenas por causa das exportações de cereais e fertilizantes russos e ucranianos, mas também para travar a crise alimentar mundial”, afirmou o ministro turco.

“Também estamos de acordo que os obstáculos às exportações de cereais e fertilizantes russos devem ser levantados. As questões devem ser resolvidas para que o acordo de cereais possa ser prorrogado”, acrescentou.

Lavrov disse ainda que os chefes da diplomacia dos dois países discutiram o acordo de cereais, um potencial hub de gás natural na Turquia e os conflitos na Síria e na Ucrânia. O ministro russo defendeu que qualquer negociação de paz “deve tomar em consideração os interesses russos” e privilegiar “os princípios sobre os quais a nova ordem mundial se baseará”.

A Turquia posicionou-se como um intermediário entre Kiev e Moscovo ao longo dos 13 meses de conflito, mediando com as Nações Unidas o único desenvolvimento diplomático significativo até ao momento.

Facilitar o transporte de comida e fertilizantes é um aspecto central do acordo, mas a Rússia queixa-se de que as suas exportações continuam a ser prejudicadas. Apesar de os produtos alimentares e fertilizantes não se encontrarem abrangidos pelas sanções ocidentais, Moscovo diz que as restrições a pagamentos e às indústrias logísticas e de seguros são uma barreira.

Lavrov esclareceu que as exportações de cereais e fertilizantes são afectadas pela falta de acesso a seguros e ao sistema de pagamentos internacionais SWIFT.

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