Macron e Xi apoiam “esforços para restaurar a paz na Ucrânia”

Declaração conjunta entre os dois líderes não condena invasão russa e repete os apelos ao respeito pela Carta das Nações Unidas.

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Macron e Xi estiveram juntos em Cantão Reuters/POOL

O Presidente francês, Emmanuel Macron, terminou esta sexta-feira a visita oficial à China, reiterando, em conjunto com o homólogo Xi Jinping, a necessidade de se alcançar uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia. No entanto, o comunicado conjunto não condena a invasão russa nem faz referência à retirada de tropas do território ucraniano.

Não se esperavam grandes mudanças em relação à posição chinesa, depois de na véspera Xi se ter limitado a repetir as declarações generalistas que têm reflectido a posição chinesa em relação à guerra na Ucrânia. “Apoiamos todos os esforços para restaurar a paz na Ucrânia, de acordo com o direito internacional e tendo por base a intenção e os princípios da Carta das Nações Unidas”, lê-se no comunicado conjunto emitido esta sexta-feira. A visita de Macron termina esta sexta-feira com um jantar com Xi em Cantão.

França e China também se mostram unidas na “oposição a todos os ataques armados contra centrais nucleares e outras instalações nucleares pacíficas” e apoiam os esforços da Agência Internacional de Energia Atómica “para garantira a segurança da central de Zaporíjjia”. Num documento com cerca de 50 pontos, apenas três se dedicam à invasão russa da Ucrânia.

Macron, que se deslocou à China com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é o mais recente líder ocidental a tentar persuadir a China a exercer alguma da sua influência sobre a Rússia para alterar de alguma forma o curso da guerra na Ucrânia. Pequim tem sido um aliado determinante de Moscovo – os laços comerciais intensificaram-se no último ano, assim como os diplomáticos –, embora Xi insista que a posição chinesa em relação à guerra na Ucrânia é equilibrada e que a China pode funcionar como mediadora de uma solução política.

Em Fevereiro, o Governo chinês divulgou um plano de paz em 12 pontos que foi recebido com cepticismo pelos aliados ocidentais de Kiev, que apontaram a ausência de qualquer referência a uma “invasão” nem exigência de retirada de tropas russas da Ucrânia. Desde então, as autoridades chinesas têm repetido as mesmas fórmulas de apoio à paz e aos princípios da Carta das Nações Unidas sem que isso abale visivelmente o seu contínuo apoio à Rússia.

No último dia em solo chinês, Macron visitou a prestigiada universidade Sun Yat-sen, em Cantão, onde foi recebido com muito entusiasmo, segundo a imprensa francesa, e discursou para uma plateia de mais de mil pessoas a quem apelou ao exercício do “espírito crítico”.

Falando a universitários num país com um sistema político cada vez mais hermético e onde o "pensamento de Xi Jinping" é consagrado como disciplina do saber, Macron explicou o seu pedido: “Não se trata de um espírito para criticar os outros, não é pela negativa, mas para vos interrogar acerca de vocês mesmos ou acerca da natureza do conhecimento que vos é transmitido.”

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