Sanções da China depois de encontro de Presidente de Taiwan com líder da Câmara de Representantes dos EUA

Embaixadora de facto de Taiwan nos EUA e a Biblioteca Ronald Reagan entre os alvos do Governo de Pequim.

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Tsai Ing-wen e Kevin McCarthy na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, que também foi incluída na lista de sanções da China Reuters/TAIWAN PRESIDENTIAL OFFICE

A China anunciou esta sexta-feira a imposição de sanções à representante de Taiwan nos Estados Unidos, Hsiao Bi-khim, por pedir o apoio de Washington à agenda independentista da ilha, disseram meios de comunicação oficiais chineses.

A medida foi anunciada pelo gabinete para os assuntos de Taiwan do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), o órgão máximo do país asiático para questões relacionadas com Taiwan, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Estas sanções são uma das primeiras respostas da China ao encontro, quarta-feira, na Califórnia entre a chefe de Estado taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy. De acordo com a classificação dada pelos dois lados, a reunião aconteceu durante uma escala da Presidente taiwanesa, que regressava ao seu país depois de uma viagem à América central.

Um porta-voz do gabinete chinês afirmou que Hsiao tentou minar a paz e a estabilidade entre os dois lados do estreito de Taiwan, advertindo que "nenhuma pessoa ou força deve subestimar" a "determinação e capacidade de defender a soberania e a integridade territorial da China".

As sanções, que também se estendem à família de Hsiao, incluem a proibição de entrada na China continental, em Hong Kong e em Macau, bem como o impedimento a investidores e empresas relacionadas com Hsiao de cooperarem com organizações e indivíduos chineses.

Hsiao, que faz parte de uma lista chinesa de "fanáticos separatistas taiwaneses", já tinha sido alvo de sanções em Agosto passado, juntamente com a vice-presidente da Assembleia Legislativa de Taiwan, Tsai Chi-chang, e outros membros do Partido Democrático Progressista (PPD).

Por outro lado, o gabinete chinês para os assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (executivo) anunciou também esta sexta-feira sanções contra a Fundação Prospect e o Conselho de Liberais e Democratas Asiáticos.

A porta-voz do gabinete, Zhu Fenglian, afirmou que, sob os auspícios do PPD, essas organizações desculparam-se com "democracia, liberdade e cooperação" para defender a independência de Taiwan e conspiraram com forças antichinesas, em violação do princípio de "uma só China".

Os responsáveis por estas organizações estão igualmente proibidos de entrar na China continental e nas regiões administrativas de Hong Kong e Macau.

Na lista de penalizados encontra-se ainda a Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, local onde se realizou o encontro entre McCarthy e Tsai Ing-wen.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, quando o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.

De acordo com o princípio "uma só China", nenhum país deve ter laços oficiais com Pequim e Taipé ao mesmo tempo.

Apenas 13 estados ainda reconhecem Taiwan, incluindo Belize e Guatemala, países latino-americanos que Tsai visitou nos últimos dias para cimentar a relação com os poucos aliados oficiais, após uma primeira paragem em Nova Iorque.

Como Pequim obriga, de acordo com a sua política de "uma só China", todos os países que queiram ter relações diplomáticas com a China a deixarem de reconhecer Taiwan como nação independente, os EUA mantêm uma política de "ambiguidade estratégica" em relação a Taiwan desde que estabeleceram relações diplomáticas com a República Popular da China nos anos 1970.

Mas Washington continua a ser o mais poderoso aliado de Taiwan e o seu principal fornecedor de armas.

Com Tsai, Taiwan aproximou-se dos EUA, tendo McCarthy apelado para a "continuação das vendas de armas" a Taiwan, defendendo serem a "melhor maneira" de evitar uma invasão chinesa da ilha.

A relação entre a China e os EUA tem-se vindo a deteriorar nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e diferendos em questões de direitos humanos, a soberania do mar do Sul da China ou o estatuto de Hong Kong.

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