Stoltenberg dramatiza apelo para envio urgente de armas para Ucrânia resistir à ofensiva russa

Secretário-geral da NATO lembrou que “o apoio militar dos aliados tem evoluído à medida que a guerra tem evoluído”, mas não está prevista nenhuma decisão sobre aviões de combate para a Ucrânia.

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Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO EPA/OLIVIER HOSLET

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, reforçou esta segunda-feira o seu apelo para o fornecimento urgente de armamento, peças e combustível para o Exército da Ucrânia ser capaz de resistir à nova ofensiva de larga escala da Rússia.

“Estamos numa corrida de logística, e é urgente fornecer mais artilharia, mais munições, mais combustível, mais peças sobressalentes”, dramatizou Stoltenberg, que na véspera da reunião dos ministros da Defesa da aliança, em Bruxelas, vincou que a discussão sobre o envio de novos sistemas para a Ucrânia, e em particular os caças que Kiev tem reclamado, não deve desviar as atenções sobre o que é fundamental neste momento, que é o reforço das capacidades que já foram prometidas pelos aliados.

“Saúdo os anúncios recentes sobre tanques e outras capacidades de artilharia e defesa antiaérea, e espero que os aliados avancem com esses equipamentos rapidamente. A velocidade salvará vidas. Cada dia conta”, sublinhou, afirmando que a nova ofensiva da Rússia, projectada para o início da Primavera, já está em curso.

“As principais capacidades, como munições, combustível e peças sobressalentes, têm de chegar à Ucrânia antes que as tropas russas consigam tomar a iniciativa no campo de batalha”, defendeu Stoltenberg, chamando a atenção para as movimentações de Moscovo — que está a “compensar em quantidade o que não tem em qualidade”.

“Putin não está à espera da Primavera. Já está a enviar mais armas, mais capacidades e mais tropas”, disse Stoltenberg, acrescentando que a experiência mostra que o Kremlin está disponível para “suportar um elevado número de vítimas” para cumprir o seu plano de controlo sobre a Ucrânia.

“Quase um ano depois da invasão, não vemos nenhum sinal de que Putin se esteja a preparar para a paz. O que vemos é que continua a querer controlar a Ucrânia, e é por isso que temos de continuar a fornecer todo o apoio militar para que a Ucrânia possa resistir e prevalecer”, insistiu.

Os países que integram o Grupo de Contacto para a Ucrânia vão reunir-se no quartel-general da NATO em Bruxelas, esta terça-feira, para fazer um novo ponto da situação sobre as necessidades das Forças Armadas do país e a sua disponibilidade para satisfazer os pedidos que chegam de Kiev.

Em resposta aos jornalistas, numa antecipação dessa discussão, o secretário-geral da NATO afastou a ideia de um envio de aviões de combate para a Ucrânia a curto prazo — mas não rejeitou essa possibilidade. Stoltenberg até fez questão de assinalar a diferença entre o pedido de caças feito agora pelo Governo ucraniano e os apelos de Kiev para a declaração de uma zona de exclusão aérea, logo após a invasão.

“O estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, garantida por aviões da NATO, seria uma participação directa no conflito. A eventual disponibilização de caças para utilização pela Ucrânia não envolve a NATO no conflito”, distinguiu.

Porém, esta ainda é uma discussão académica, prosseguiu. “O nosso apoio militar tem evoluído à medida que a guerra tem evoluído, e há uma consulta permanente sobre o tipo de armamento e material que podemos fornecer”, observou Stoltenberg, dizendo que, mesmo que os aliados decidam avançar aviões de combate à Ucrânia, “essa entrega demorará muito tempo”.

“Esse não é apoio urgente que é preciso agora. Agora o que é preciso é que todo o apoio que já está prometido chegue ao terreno rapidamente”, repetiu.

Depois do ponto de situação sobre o apoio militar à Ucrânia, os ministros da Defesa da aliança atlântica continuarão reunidos, para debater a questão da reposição das reservas de armas, relacionada com o compromisso de aumento da despesa militar e, na actual circunstância, da necessidade de mais investimento na produção industrial.

“A guerra na Ucrânia está a consumir uma enorme quantidade de munições, e a esgotar o material disponível dos aliados. Neste momento, a taxa de utilização de munições na Ucrânia excede largamente a taxa de produção industrial”, observou Jens Stoltenberg, acrescentando que o tempo de espera para munições de grande calibre aumentou de 12 para 28 meses. “Isso quer dizer que as encomendas feitas hoje só serão entregues daqui a dois anos e meio”, calculou.

A NATO acaba de concluir um levantamento extraordinário das reservas de munições, e os ministros deverão concordar em aumentar os objectivos de armazenamento através do chamado Processo de Planeamento da Defesa.

“Precisamos de investir para aumentar na nossa capacidade de produção, e a boa notícia é que vários aliados, nomeadamente os Estados Unidos da América e a França, já assinaram novos contratos plurianuais com a indústria de defesa”, disse Stoltenberg.

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