EUA localizam segundo balão de vigilância chinês a sobrevoar a América Latina

China pede “calma” e acusa “alguns políticos e media” norte-americanos de exagerarem o incidente que fez Washington adiar visita do secretário de Estado a Pequim “para atacar e difamar” o país.

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O balão chinês a voar sobre Billings, no estado norte-americano do Montana Chase Doak/Reuters

Horas depois de a Casa Branca ter adiado a visita do secretário de Estado, Antony Blinken, à China, denunciando o sobrevoo de um “balão de espionagem chinês” no espaço aéreo dos Estados Unidos, o Pentágono afirma ter confirmado a presença de “outro balão de vigilância chinês”, este a voar sobre a América Latina.

A confirmação chegou na sexta-feira à noite (manhã de sábado em Portugal) através do porta-voz do Departamento da Defesa, Patrick Ryder. O comunicado enviado aos media não precisa onde se encontrava o aparelho, mas o jornal La Nación, da Costa Rica, escreve que centenas de pessoas viram nos céus do país um balão semelhante ao que foi localizado a sobrevoar território norte-americano.

“Na Costa Rica, o balão viu-se desde as primeiras horas da manhã de quinta-feira sobre o Pacífico e a Grande Área Metropolitana”, lê-se no site do diário. “Não temos identificação de quem enviou esta sonda”, afirmou ao jornal o director-geral da Aviação Civil do país, Fernando Naranjo. Nas redes sociais, surgiram dezenas de fotos e vídeos publicados por pessoas que dizem ter visto o balão.

Pequim pediu desculpas pelo primeiro incidente, garantindo tratar-se de um balão “de uso civil, principalmente para investigação meteorológica”, que se desviou do seu curso “devido aos ventos do Oeste”. Uma versão que Washington rejeita, explicando que o balão é manobrável e que carrega equipamento para a inspecção do terreno – afirma ainda que não é a primeira vez que detecta aparelhos chineses com funções de espionagem a sobrevoar os EUA ou nas proximidades.

A diferença desses balões com o que foi detectado a sobrevoar a grande altitude o estado do Montana, onde se situa um dos centros de comando do arsenal de mísseis intercontinentais dos EUA, é o tempo que permaneceu no espaço aéreo norte-americano. O balão dirige-se agora para a Carolina do Norte e deverá alcançar em seguida o Atlântico. O Presidente, Joe Biden, disse que os EUA vão "tratar do balão": segundo a imprensa norte-americana, é possível que a Casa Branca decida abatê-lo quando chegar ao mar, depois de ter desistido de o fazer antes, receando os riscos da queda de destroços.

Num comunicado divulgado este sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês assegura que Pequim “nunca violou o território e espaço aéreo de qualquer país soberano”, acrescentando que Wang Yi, alto responsável de política externa, falou ao telefone com Blinken. A declaração sublinha que é importante manter abertos os canais de comunicação, “especialmente para lidar com algumas situações inesperadas de forma calma e honesta”.

Mas Pequim também esclarece que não aceitará “nenhuma conjectura ou exagero infundados”, acusando “alguns políticos e media nos Estados Unidos” de estarem a usar este incidente “como pretexto para atacar e difamar a China”. Blinken acusou o país de estar por trás de “uma violação clara da soberania dos EUA e da lei internacional” que considerou “inaceitável” e especialmente “irresponsável” na véspera “de uma visita há muito planeada”.

A viagem do secretário de Estado, prevista para domingo e segunda-feira, visava diminuir a tensão entre os dois países, na sequência de uma série de situações (a maioria relacionada com Taiwan) que levaram ao receio de um possível confronto directo. O adiamento da visita acaba por produzir o efeito contrário, confirmando e ampliando o clima tenso entre Washington e Pequim.

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