Montenegro rejeita associação do seu nome à Operação Vórtex e pede esclarecimentos a Cravinho

Presidente do PSD ficou “absolutamente revoltado e indignado” com o que diz serem tentativas de o envolverem na Operação Vórtex.

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Luís Montenegro visitou esta sexta-feira a fábrica do Licor Beirão LUSA/PAULO NOVAIS

O presidente do PSD, Luís Montenegro, mostrou-se esta sexta-feira "revoltado e indignado" com aquilo que diz serem tentativas de o associarem à Operação Vórtex, deixando ainda a garantia de que tal não o intimida ou deixa fragilizado. Por outro lado, o líder social-democrata defendeu que o ministro João Gomes Cravinho tem de dar um esclarecimento cabal sobre o nível de conhecimento que tinha acerca da derrapagem no custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém.

"Fico absolutamente revoltado e indignado com estas tentativas, em que me tentam envolver numa situação com a qual não tenho nada a ver. Acho mesmo que os senhores jornalistas e os titulares do poder de investigação devem ter um comportamento deontológico de respeito por todos nós", afirmou.

Depois de uma visita à fábrica do Licor Beirão e ao Laboratório de Estudos sobre incêndios Florestais, na Lousã, Luís Montenegro disse categoricamente nada ter a ver com este processo.

"Se há fotografias minhas, não tenho nada contra isso, pelos vistos terão sido numa ocasião pública, de uma reabertura ou inauguração de um restaurante. Aproveitar isso para me tentarem enlamear num processo que está em investigação, é revoltante e repugnante", referiu.

Ainda a propósito das fotografias em que surge com um empresário detido no âmbito desta operação, garantiu que não tem qualquer "relação pessoal, profissional ou política com estas pessoas". "Conheci essa pessoa nesse dia em que fui a um restaurante que estava a reabrir e que é um restaurante emblemático da minha terra, da minha cidade [Espinho], ainda por cima numa altura em que não tinha nenhuma função política", explicou.

Aos jornalistas, o líder do PSD disse também esperar que estas associações à operação Vórtex terminem. "Isso só pode ter motivações políticas e, quando isso acontece, o Estado de direito e a democracia ficam mais fracos", apontou.

Apesar de considerar que estas associações à operação Vórtex são desagradáveis, deixou a garantia de que tal não o deixa intimidado, diminuído ou perturbado. "Agora, evidentemente que tenho que denunciar estas manobras, estas tentativas de me quererem colocar num sítio onde eu, pura e simplesmente, nunca estive nem estarei seguramente", frisou.

Questionado ainda sobre a continuidade do deputado Pinto Moreira na Assembleia da República, Luís Montenegro sublinhou que continua a não se verificar qualquer alteração do ponto de vista político. "Do ponto de vista processual, não houve ainda o pedido de levantamento da imunidade parlamentar. O deputado em causa não é sequer arguido e não conheço nenhuma imputação que seja feita de forma oficial", concluiu.

Cravinho precisa de dar esclarecimento cabal sobre hospital militar

O presidente do PSD defendeu também que o ministro João Cravinho tem de dar um esclarecimento cabal sobre o nível de conhecimento que tinha acerca da derrapagem no custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém.

"É público que temos um conjunto de 30 questões já inventariadas e as informações que hoje [esta sexta-feira] vêm na comunicação social reforçam a necessidade de o esclarecimento ser cabal, quanto ao nível de conhecimento e quanto à eventual negligência de informação que estava na posse do senhor ministro e que possa ter sido desvalorizada", destacou.

O jornal Expresso noticiou esta sexta-feira que o ex-ministro da Defesa e actual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, foi informado em Março de 2020 de que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar.

Segundo o jornal, que cita um ofício de Março de 2020, com as obras já a decorrer, o director-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), Alberto Coelho – hoje arguido por corrupção e branqueamento na Operação Tempestade Perfeita –, informou o ministro sobre "trabalhos adicionais" que já somavam quase um milhão de euros extra.

Aos jornalistas, Luís Montenegro evidenciou que os deputados do PSD que integram a Comissão de Defesa têm "registado algumas contradições, que ocorreram quando o actual ministro dos Negócios Estrangeiros exercia as funções de ministro da Defesa Nacional".

"Sabemos que ele já foi ao Parlamento, não foi no formato que nós tínhamos solicitado, que era a comissão. Insistimos agora com um novo pedido e estamos, portanto, expectantes que essa reunião possa ocorrer rapidamente", concluiu.

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