Preços dos alimentos já sobem há 14 meses seguidos

INE confirma sinais de abrandamento na inflação em Novembro, mas nos bens alimentares as subidas de preços continuam a um ritmo elevado.

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Preços dos alimentos continuam a sustentar a inflação Adriano Miranda

A taxa de inflação deu, em Novembro, sinais de poder estar a começar a abrandar com uma ajuda significativa do lado dos produtos energéticos, confirmou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística. Mas do lado dos bens alimentares, o ritmo de aumento dos preços manteve-se quase igual, com subidas significativas nos produtos lácteos e nos óleos.

O INE já tinha, na estimativa rápida apresentada no final de Novembro, apontado para que os preços em Portugal tivessem durante esse mês crescido 0,3% (contra 1,2% em Outubro), fazendo baixar a taxa de inflação homóloga de 10,1% para 9,9%. Nesta quarta-feira, nos dados definitivos para a inflação de Novembro, estes números foram confirmados.

E ficou confirmada também a ideia de que foi nos produtos energéticos, principalmente os combustíveis, que esse abrandamento na inflação se sustentou. Os preços dos produtos energéticos, que tinham subido 6,7% em Outubro, diminuíram 1,5% em Novembro, o que permitiu baixar um pouco a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado, de 27,6% para 24,7%.

Em relação aos produtos alimentares, contudo, os sinais de abrandamento de preços foram muito mais ténues. Em Novembro, os preços subiram neste segmento pelo 14.º mês consecutivo, com uma variação de 1,7% (tinha sido de 2,1%), registando-se mesmo uma subida da variação homóloga de 18,6% em Outubro para 20% em Novembro.

O INE apresentou agora dados mais detalhados que permitem compreender melhor o que leva a esta persistência da inflação nos alimentos. Dois tipos de bens destacam-se. Por um lado, os óleos e gorduras continuaram a ser os bens com uma maior subida de preços face ao ano passado. Os preços subiram mais 1,4% em Novembro e a taxa de variação homóloga, que já estava em 30,9% em Outubro, passou para 33,6% em Novembro.

Depois, o segmento do leite, queijo e ovos voltou a mostrar que é, nos últimos meses, aquele em que as subidas de preços são mais evidentes. Aumentaram mais 6,6% em Novembro (em Outubro a subida tinha sido de 5,5%), o que faz com que, em relação ao mesmo mês do ano passado, a inflação tenha passado de 22% para 29,6%.

Quanto aos produtos energéticos, é de notar a diminuição de 3,7% nos preços dos combustíveis que se registou em Novembro, o que permitiu que a variação face ao período homólogo passasse de 16,1% em Outubro para 10,7% em Novembro.

Já no que diz respeito aos preços do gás, que tinham disparado 42,7% em Outubro, estabilizaram-se em Novembro, com uma subida ligeira de 1,1%. Isto faz, todavia, com que a variação dos preços face ao mesmo período do ano passado se mantenha a níveis extraordinariamente elevados, de 72,8% em Novembro.

Tal como em Portugal, a taxa de inflação no total da zona euro também deu sinais de abrandamento. Isto não impede que, já nesta quinta-feira, o Banco Central Europeu venha, depois de duas subidas de 0,75 pontos nas taxas de juro de referência, a realizar um novo movimento ascendente. Ainda assim, com uma subida um pouco mais moderada, de 0,5 pontos percentuais.

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