Costa sai em defesa de Marcelo e condena “interpretação inaceitável” das palavras do Presidente

O primeiro-ministro falava aos jornalistas num momento em que as declarações do Presidente da República sobre os abusos sexuais na Igreja geram um coro de críticas.

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O primeiro-ministro quis expressar a solidariedade para o Presidente da República Nuno Ferreira Santos

O primeiro-ministro saiu nesta quarta-feira em defesa do Presidente da República, que tem estado debaixo de fogo depois das declarações proferidas ontem sobre os casos de abusos sexuais na Igreja que estão a ser investigados por uma comissão. “Quero expressar a minha total solidariedade com o Presidente da República, mais concretamente com o professor Marcelo Rebelo de Sousa, pela interpretação inaceitável que tem sido feita das suas palavras”, disse António Costa aos jornalistas em Viseu, em declarações transmitidas pelas televisões.

O chefe do executivo disse conhecer o Presidente da República, “todos conhecemos”, e “todos sabemos bem que, para o professor Marcelo Rebelo de Sousa, um caso que fosse, só um caso de abuso sexual sobre crianças, seria algo absolutamente intolerável, como é para o conjunto da sociedade”.

Costa insistiu que é uma interpretação “muito errada” e lembrou que o pensamento de Marcelo Rebelo de Sousa é amplamente conhecido. “Se há alguém que é intimamente conhecido hoje de todos portugueses, depois de anos de exposição pública como comentador e como Presidente da República, é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Eu pessoalmente conheço-o desde que fui seu aluno na faculdade.”

O líder do Governo acrescentou que “a violação dos direitos das crianças não tem que ver com a quantidade”. “Seguramente, o Presidente da República não o quis desvalorizar”, disse, referindo que a nota publicada pela Presidência na noite de terça-feira explica a “surpresa” de não terem surgido mais casos revelados.

Embora refira que “todos nós na vida política às vezes não utilizamos a melhor expressão, às vezes não nos interpretam da melhor forma”, António Costa considerou que “quem tem feito esta interpretação é que deve um pedido de desculpas ao Presidente da República”. Isto porque a interpretação que foi feita “não corresponde ao sentir, à forma de ser do Presidente da República”.

Comentando mais um balanço da comissão que está a investigar os casos de abusos sexuais na Igreja, o Presidente da República fez declarações na terça-feira que causaram mal-estar e que obrigaram o próprio a vir corrigi-las. “Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”, disse na primeira vez que falou aos jornalistas.

Pouco depois, emitiu uma nota, em que veio esclarecer que o número de testemunhos (424) validado pela comissão responsável pela investigação “não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal quer pelo mundo”. No entanto, nem esta nota nem declarações posteriores às televisões evitaram críticas dos partidos que esta manhã começaram a ser ouvidos em Belém a propósito do Orçamento do Estado para 2023.

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