Metro Mondego estudou alternativas mas confirma abate de plátanos em Coimbra

Árvores são as últimas da espécie que compunha a Avenida Emídio Navarro. Apesar da contestação, serão removidas para instalação do canal dedicado do metrobus.

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Projecção de como ficará a avenida, depois da instalação do canal de metrobus DR

A Sociedade Metro Mondego (SMM) olhou para a proposta de quem queria evitar o abate de cinco árvores de grande porte na avenida Emídio Navarro, estudou uma alternativa e concluiu que nada muda em relação ao plano inicial.

Os plátanos que a SMM previa cortar para instalar o canal dedicado dos autocarros eléctricos do metrobus são mesmo para retirar. A alteração do traçado do canal, garante a empresa pública, iria obrigar a abater outras árvores do Parque Manuel Braga, ter impacto na procura de passageiros do metrobus e colocar outros problemas “inultrapassáveis” nesta fase de execução da empreitada.

No último mês, dezenas de cidadãos mobilizaram-se para tentar impedir o abate dos cinco plátanos, os últimos sobreviventes de uma linha que compunha o separador central da avenida Emídio Navarro e que desapareceu na última década. No entanto, a medida já era conhecida desde que, em Março deste ano, a SMM apresentou um plano de rearborização para compensar as que fossem retiradas no decurso da empreitada.

O ClimaÇão Centro, um movimento de activistas climáticos que organizou uma manifestação pela manutenção das árvores, em Agosto, ainda abriu uma brecha de esperança, anunciando que a SMM tinha concordado estudar uma alternativa. Fê-lo na passada sexta-feira, em conferência de imprensa, dando conta que tinha enviado uma proposta de traçado alternativo.

Já nesta terça-feira, em comunicado enviado às redacções, a empresa pública fez saber que olhou para a sugestão que lhe chegou do movimento, confirmando que se reuniu com membros do movimento, no dia 26 de Agosto. Nesse encontro, a SMM comprometeu-se a enviar “toda a informação solicitada” e “a estudar a viabilidade da proposta de traçado alternativo do canal do metrobus”.

Após análise é “facilmente constatável” que a proposta do movimento resultaria em “externalidades e implicações que se traduzem no abaixamento expressivo dos padrões de qualidade do projecto”, refere o comunicado.

Ou seja, a estação do Parque teria que ficar a cerca de 150 metros da localização projectada (“reduzindo assim a capacidade de atracção” do sistema de mobilidade), um conjunto de árvores do Parque Manuel Braga teria que ser eliminado, e o desvio iria “interferir com o posto de combustível e com a estação elevatória” que a Águas do Centro Litoral está a construir.

“Alterar projectos consignados e em fase de execução tem implicações extremamente penalizantes em termos de financiamento, as quais podem levar à sua inviabilidade e encerramento definitivo”, sublinha a empresa. Assim, a SMM, a autarquia e a Infra-estruturas de Portugal consideram que a proposta não é “tecnicamente exequível” e irá manter o projecto.

A investigadora da Universidade de Coimbra Maria João Feio tem vindo a alertar para a importância daquelas árvores de grande porte que consideram serem “monumentos”. Têm cerca de oito décadas e fazem a diferença nos dias em que temperaturas atingem extremos e em anos de alterações climáticas, sublinha a bióloga, que trabalha na área da ecologia urbana.

A SMM explica que o canal dedicado do metrobus foi assim desenhado porque é o “a solução que penaliza menos o tráfego rodoviário”.

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