Portugal confirma mais 60 casos de varíola-dos-macacos: são já 770

A Direcção-Geral da Saúde não alterou os números das doses de vacinas administradas, naquela que é a terceira semana de vacinação, mantendo-se 73 doses aplicadas. Espanha pede que a Agência Europeia do Medicamento permita poupança de doses.

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Portugal é um dos dez países com mais casos de varíola-dos-macacos em todo o mundo ETIENNE LAURENT/EPA

A Direcção-Geral da Saúde confirmou esta quinta-feira mais 60 casos de varíola-dos-macacos em Portugal. No total, já foram diagnosticadas 770 pessoas desde que, em Maio, foram anunciados os primeiros infectados em território nacional.

Com quase 32 mil infecções registadas em todo o mundo, Portugal está entre os dez países com mais casos confirmados, juntamente com Estados Unidos (9492), Espanha (5162), Alemanha (2982), França (2423), Brasil (2131), Países Baixos (959), Canadá (957) e Itália (599) – em conjunto, representam 89% de todos os diagnósticos positivos.

No caso português, a esmagadora maioria das infecções continua a ser registada em homens, particularmente na faixa etária dos 30 aos 39 anos. Existem agora cinco casos confirmados em mulheres. Tal como noutros países, os mais afectados têm sido homens que têm sexo com outros homens.

No que respeita à vacinação, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) não avança com novos dados: mantêm-se os 73 contactos de risco vacinados (já anunciados na semana passada). Os dados apresentados reportam-se a 1 de Agosto, correspondendo a 70% das pessoas elegíveis para receber uma dose da vacina contra a varíola.

Espanha pede poupança de doses

Uma das soluções para contornar a limitação das doses de vacinas e avançar com uma estratégia de vacinação preventiva nos países mais afectados pela varíola-dos-macacos será a poupança de doses: ou seja, uma só dose da vacina passaria a permitir imunizar cinco pessoas. Isto significa que, em vez da administração de duas doses de 0,5 mililitros em cada vacina, cada pessoa passaria a ser vacinada com duas doses de 0,1 mililitros.

Os Estados Unidos avançaram esta terça-feira com esta medida e a promessa de futura discussão já tinha sido adiantada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) esta quarta-feira.

Apesar de possibilitar que haja um aumento das vacinas disponíveis (cinco vezes mais), não existem dados sobre a eficácia da Imvanex (a vacina aprovada na União Europeia e nos Estados Unidos contra a varíola humana e a varíola-dos-macacos) em doses menores. O próprio fabricante da vacina, a Bavarian Nordic, realçou a ausência de dados, mostrando-se cauteloso com a decisão dos Estados Unidos em avançar para a poupança de doses.

Esta quinta-feira, foi a vez da Espanha, o país mais afectado na Europa por este surto, falar na poupança de doses. De acordo com a agência Reuters, a ministra da saúde espanhola, Carolina Darías, afirmou ter pedido à EMA que permitisse a administração de doses mais pequenas, de forma a aumentar a capacidade de vacinação.

Em declarações ao PÚBLICO, a porta-voz da DGS, Margarida Tavares, já tinha admitido que “seria muito bom essa possibilidade ser aplicável”, referindo-se à hipótese de compartimentar as doses. No entanto, a questão está ainda a ser estudada: “Estamos a analisar as evidências e a posição da EMA.”

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