Sete anos depois de ter ficado “desfigurada”, Linda Evangelista volta à carreira de modelo

A modelo, de 57 anos, tinha realizado um tratamento cosmético chamado de CoolSculpting, em 2016, para eliminar células gordas, mas acabou diagnosticada com hiperplasia adiposa paradoxal, que provoca inchaço.

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Linda Evangelista, em 2007, após ter sido escolhida para ser o rosto da empresa internacional de cosméticos Yardley REUTERS / STEFAN ROUSSEAU (ARQUIVO)

Sinónimo de glamour nos anos 90 do século passado, Linda Evangelista aparecia em capas de revista e preenchia passerelles. Mas tudo mudou em 2016, quando ficou “brutalmente desfigurada” depois de um tratamento cosmético. Agora, anuncia, através do Instagram, o seu regresso à carreira de modelo, com uma campanha para a Fendi.

Para comemorar os 25 anos da mala Baguette, concebida pela designer Silvia Venturini Fendi, que já é a terceira geração da família italiana, a marca de moda vai realizar um desfile a 9 de Setembro, em Nova Iorque. Numa publicação no Instagram, no fim-de-semana, Linda Evangelista, de 57 anos, mostrou-se “grata” a todos os membros da equipa envolvida no projecto, acompanhando o texto de uma imagem publicitária em que aparece com produtos da Fendi, incluindo a famosa carteira.

Em Setembro de 2021, Linda Evangelista tinha partilhado na mesma rede social a razão pela qual se afastara não só das passerelles, mas do mundo. “Fui brutalmente desfigurada”, revelou. A modelo canadiana realizou, entre 2015 e 2016, sete tratamentos com vista a eliminar células gordas no abdómen, ancas, zona das costas e linha do peito, coxas internas e queixo, tendo-lhe sido aplicado o CoolSculpting, um tratamento ambulatório e não-invasivo.

Contudo, o procedimento, da responsabilidade da empresa Zeltic, “fez o contrário do que prometeu”. Evangelista acabou por ser diagnosticada com hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), que provoca um inchaço nas áreas tratadas, em Junho de 2016, o que a levou a processar a Zeltic Aesthetics Inc., exigindo uma indemnização de 50 milhões de dólares. A modelo conta ter entrado num “ciclo de depressão profunda”.

Um tratamento com risco

Depois de vários anos “escondida e envergonhada”, Linda Evangelista decidiu ganhar coragem para sair da sombra. Em Fevereiro deste ano, em entrevista à revista People, a propósito da qual realizou a sua primeira sessão de fotografias depois do tratamento confessou: “Não posso continuar a viver com esta dor.” Então, a modelo salientou estar a tentar recuperar a sua vida, com optimismo. “Espero poder libertar-me de alguma vergonha e ajudar outras pessoas que se encontram na mesma situação que eu.”

Da parte da empresa responsável pelo CoolSculpting, um representante realçou, em resposta à People, que o procedimento já foi provado múltiplas vezes, “com mais de 100 publicações científicas e mais de 11 milhões de tratamentos realizados em todo o mundo”. Contudo, alertou para alguns efeitos secundários, como a HAP, que, assinalou, “continuam a ser bem documentado na informação da CoolSculpting [disponibilizada] a doentes e fornecedores de saúde”.

No entanto, o advogado de Linda Evangelista contrapôs, em documentos entregues em tribunal e partilhados no Instagram, que a empresa “falhou ao não mencionar o risco de PAH” antes do tratamento.

Um trabalho publicado, em Julho de 2018, no Aesthetic Surgery Journal concluiu que o risco de HAP nas pessoas submetidas ao tratamento é de 1 em cada 2 mil, comparativamente a um estudo anterior que estimava 1 em cada 20 mil tratamentos. Ao The Washington Post, em 2021, o cirurgião plástico Troy Pittman deixou um aviso: “Só porque diz ‘não-invasivo’ não significa que não haja risco.”


Texto editado por Bárbara Wong

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