Rússia volta a multar Google por “não eliminar conteúdo proibido” sobre a guerra

Desde Março que a Google é definida como uma empresa “terrorista” pelo regulador de comunicações russo. A nova multa de 21,8 mil milhões de rublos (cerca de 380 milhões de euros) surge meses depois da empresa norte-americana ter sido multada 87 milhões de euros.

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Em Dezembro, a Rússia já tinha multado a Alphabet em 87 milhões de euros Mikhail Svetlov/Getty Images

A Google, que é dona da plataforma de vídeos YouTube e do motor de pesquisa Google, foi multada em 21,1 mil milhões de rublos (cerca de 364 milhões de euros) por um tribunal russo por falhar repetidamente em remover conteúdo que Moscovo considera falso, nomeadamente, sobre a guerra na Ucrânia. A informação foi avançada esta segunda-feira num comunicado da agência russa responsável por regular as telecomunicações, a Roskomnadzor. É a segunda multa que a empresa norte-americana recebe de Moscovo em menos de um ano: em Dezembro, a Rússia já tinha multado a tecnológica em 87 milhões de euros por falhar em remover conteúdo proibido”.

O YouTube é o principal alvo das queixas de Moscovo. “O YouTube não restringiu ao acesso a vários materiais com conteúdo proibido”, justifica o Roskomnadzor num comunicado publicado esta segunda-feira. Isto inclui “informações falsas sobre o curso de uma operação militar especial na Ucrânia” que “desacreditam Forças Armadas da Federação Russa”, materiais que promovem o extremismo e o terrorismo, e informações que promovem manifestações “não autorizadas”. De acordo com a Roskomnadzor, alguns vídeos motivam menores de idade a participar em protestos. É o motivo do Google e da Alphabet serem definidas como empresas “terroristas” na Rússia desde Março.

O PÚBLICO contactou a Google para mais detalhes sobre a multa, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo. No final de Março, o YouTube bloqueou os canais dos sites de informação russos Russia Today (RT) e Sputnik na região da Europa devido à guerra na Ucrânia. Já a Google começou a disponibilizar espaço publicitário gratuito para organizações que queiram chegar a pessoas que procurem informação e apoio na Ucrânia.​

Contrariamente a serviços como o Instagram ou o Facebook, o YouTube e o Google continuam disponíveis na Rússia. Só que quem usar este e outros serviços para divulgar informação negativa sobre os militares russos, enfrenta até 15 anos de prisão.

No mês passado, a filial da Google na Rússia declarou oficialmente falência depois de a conta bancária ser apreendida pelas autoridades de Moscovo. “A apreensão da conta bancária da Google Rússia pelas autoridades russas tornou insustentável o funcionamento do nosso escritório na Rússia”, justificou um porta-voz da empresa.

A Rússia mantém que está a conduzir uma “operação militar especial” na Ucrânia para proteger o país de actos de extremismo. A Ucrânia e os seus aliados ocidentais, incluindo Portugal, rejeitam o eufemismo como um pretexto infundado para a invasão do país.

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