Super Bock Super Rock: “Estávamos a trabalhar nisto há três anos. É preferível assim a cancelar”

Luís Montez tem a certeza de que tudo estará preparado para o arranque do festival na quinta-feira, em Lisboa. “Fiz tudo o que estava ao meu alcance [para manter o festival no Meco]”, diz ao PÚBLICO, mas, a partir do momento em que “sai a lei a dizer que não é possível em zonas florestais, não há nada fazer”.

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O Super Bock Super Rock regressará ao Parque das Nações, onde se realizou entre 2015 e 2018 LUSA/JOSE SENA GOULAO

É o “momento mais difícil” da sua carreira de décadas enquanto promotor, confessa Luís Montez numa pequena pausa entre o stress e a azáfama que vive neste momento, a dois dias do início do Super Bock Super Rock (SBSR), poucas horas depois de ver esgotada a esperança de manter o festival no Meco, onde toda a logística de palco, campismo e demais estruturas estavam já preparadas para receber bandas e espectadores.

Luís Montez acompanha agora o processo de transferência do festival da Herdade do Cabeço da Flauta, que, ocupando zona florestal, estará interdita a eventos durante a vigência da actual situação de contingência, decorrente do perigo elevado de incêndios, para a Altice Arena — Parque das Nações. “Estávamos a trabalhar há três anos”, lamenta, referindo o “enorme prejuízo” que representa para a Música no Coração esta alteração. Tudo pesado, porém, “é preferível assim que cancelar”.

A experiência anterior, dado que o SBSR, que se realizou pela primeira vez na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, em 1995, esteve instalado entre 2015 e 2018 no Parque das Nações, ajudará a conseguir montar toda a logística em tempo recorde. “Nós temos uma equipa muito solidária, os camiões já estão cheios de material e a equipa da produção da Arena pronta para os receber”. Luís Montez não tem dúvidas que tudo estará preparado para o arranque do festival, tal como planeado, esta quinta-feira. “Acreditamos que amanhã já estaremos a fazer testes de som” e demais operações necessárias ao início em pleno do SBSR.

O festival manterá os quatro palcos planeados (o principal da Altice Arena, dois na Sala Tejo, no seu interior, e um quarto no espaço exterior). “Temos todas as condições. Temos os camarins, os bares, o público tem o ar condicionado”, diz o director da Música no Coração, referindo que “os músicos estão a compreender a situação": “muitos deles ficaram satisfeitos porque estão mais perto do aeroporto”, graceja.

A mudança de local do SBSR não é apenas um desafio logístico para a promotora e para as equipas técnicas. Milhares de festivaleiros alojaram-se perto do recinto ou estavam a contar com o campismo, que agora será inexistente. Rita Araújo é uma das espectadoras que se viram na inesperada situação de ter casa arrendada em Sesimbra para assistir ao festival e agora saber que o evento se mudará para o Parque das Nações, em Lisboa.

A designer gráfica de 34 anos faz parte de um grupo de quatro amigas que decidiram fazer do SBSR um pretexto para miniférias de praia com uma noite de festival para ver C Tangana de permeio. “O recinto do festival estava a 10, 15 minutos de carro e passou a estar a uma hora de distância”, constata. “É terrível em termos logísticos”, diz, sem mudar os planos — “não vamos deixar de fazer as férias de praia” — mas com o grupo a tentar encontrar a melhor forma de ir para o recinto.

“Não queremos levar carro por vários motivos e o mais viável pareceu-nos marcar táxi com antecedência, a dividir pelas cinco”, explica. Só assim, sendo muitas e só num dia, é comportável. A opção que no passado o festival dava aos espectadores, ainda que por outros motivos — a redução do histórico trânsito na estrada que leva à Herdade do Cabeço da Flauta —, de transfer do centro de Lisboa para a zona do recinto seria uma opção recebida com agrado por quem agora revê os planos. Mas dependeria “da frequência e quantidade” desses transfer, “porque haverá muita gente na nossa situação”, diz Rita Araújo ao PÚBLICO.

Dada a proximidade do início do festival e as contingências logísticas da sua transferência em tempo recorde para o Parque das Nações, não será viável pôr de pé uma solução desse género, lembra Luís Montez. “Fiz tudo o que estava ao meu alcance [para manter o festival no Meco]”, diz. “A vistoria de hoje correu bem e estava conforme o exigido. Extintores, bocas-de-incêndio, os bombeiros, que foram inexcedíveis, mas, a partir do momento em que sai a lei a dizer que não é possível em zonas florestais, não há nada fazer. Temos que cumprir a lei”.

Posteriormente, em declarações à SIC Notícias, Luís Montez deu conta de que haverá parque de campismo no SBSR. Ficará localizado no Parque Tejo, no Parque das Nações, “por baixo da Ponte Vasco da Gama”. O festival, recorde-se, conta na sua história com algumas edições naquela mesma zona, entre 2004 e 2007.

O festival tem início esta quinta-feira e prolonga-se até sábado. A$ap Rocky, Metronomy, C Tangana, DaBaby, Foals ou os Capitão Fausto, num concerto preparado propositadamente para o festival com o maestro Martim Sousa Tavares, são nomes com destaque de cabeças de cartaz. Hot Chip, Jamie XX, Nathy Peluso, Leon Bridges, David & Miguel, Capicua, Los Bitchos e Son Lux são outros dos músicos e bandas que marcarão presença no SBSR 2022.

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