Super Bock Super Rock passa para o Parque das Nações. Concentração de Faro muda local do campismo

No final da reunião com a Protecção Civil, o primeiro-ministro anunciou que ambos os eventos receberam avaliações técnicas desfavoráveis. Eventos obrigados a adaptarem-se às circunstâncias ditadas pela situação de contingência decretada pelo Governo.

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O SBSR regressa este ano ao Parque das Nações, em Lisboa Miguel Manso
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SBSR junto ao rio Tejo no Parque das Nações, em Lisboa Miguel Manso
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SBSR no Parque das Nações, em Lisboa LUSA/JOSE SENA GOULAO
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SBSR no Parque das Nações, em Lisboa Miguel Manso
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Um dos palcos do SBSR no Parque das Nações sob a pala do Pavilhão de Portugal direitos reservados
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Um dos palcos do SBSR no Parque das Nações sob a pala do Pavilhão de Portugal Enric Vives-Rubio

O primeiro-ministro apelou a “um esforço generalizado” dos cidadãos na diminuição do risco de incêndio e reafirmou que é necessário “readaptar” os eventos que ocorram em zonas florestais durante o estado de contingência que foi decretado esta segunda-feira e que estará em vigor até esta sexta-feira, podendo ser alargado para lá dessa data. Em causa estão eventos como o Festival Super Bock Super Rock (SBSR) no Meco e a Concentração Internacional de Motos de Faro, que receberam pareceres desfavoráveis da Protecção Civil e da GNR, segundo revelou António Costa.

O SBSR que se realiza nos dias 14, 15 e 16 de Julho, vai ser relocalizado da Herdade do Cabelo da Flauta, no Meco, para o Parque das Nações, em Lisboa, de acordo com um comunicado enviado às redacções pela promotora do evento, a Música no Coração.

Em conferência de imprensa, após uma reunião com a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), o ministro e a secretária de Estado e da Administração Interna e a ministra da Defesa, na sede da Protecção Civil, António Costa apelou a que os portugueses tenham a “responsabilidade de evitar a ocorrência de incêndios”, garantindo que todo o sistema de protecção civil está “plenamente mobilizado” e agradecendo o esforço tanto dos cidadãos, como dos agentes de protecção civil e dos bombeiros para a redução do “número de casualidades” que tem vindo a verificar-se.

O líder do executivo declarou ainda que os pareceres da ANEPC e da GNR relativos ao SBSR e à concentração de motards ​em Faro foram desfavoráveis, pelo que os eventos terão de ser “ajustados, transferidos ou recalendarizados”.

Questionado pelos jornalistas sobre se existem condições de segurança para realizar os eventos, Costa disse que “é evidente que se milhares de pessoas vão para uma zona florestal aumenta significativamente o risco dessa zona florestal”.

“O que está em cima da mesa é um contacto com os promotores tendo em vista que se possam readaptar os eventos à circunstância”, disse Costa, sinalizando que a relocalização é uma opção.

O primeiro-ministro confessou que reprogramar a actividade “é um enorme transtorno”, principalmente depois de dois anos de pandemia, “nomeadamente no sector da Cultura”, mas confessou que “a segurança das pessoas tem de estar acima de tudo”.

“Estamos a trabalhar para ver como se minora o impacto das restrições”, assegurou, frisando que se estão a procurar “soluções alternativas que permitam que os eventos não sejam totalmente cancelados”.

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A área de campismo da concentração de Faro vai ser alterada. Os muitos participantes que já se encontram no local vão ter de mudar as tendas vasco celio

Em relação ao eventual pagamento de indemnizações por parte do Estado aos organizadores dos eventos, Costa afirmou que “o Estado não é segurador universal”.

“A ideia de que o Estado tem de segurar qualquer eventualidade da vida, de pessoas ou empresas, é uma realidade que não existe”, declarou. O dinheiro do Estado não é o dinheiro do Governo. É o dinheiro dos contribuintes”.

O primeiro-ministro relembrou ainda que existem outras consequências com a publicação do diploma que decreta o estado de contingência no país, nomeadamente, o impedimento da realização de colheitas até à próxima sexta-feira. “Um dano que pode ser irreversível porque há colheitas que se podem perder”, disse.

E assinalou que tudo depende da evolução meteorológica, sendo que a mesma tanto pode ditar que a situação de contingência se alargue para lá de sexta-feira como se pode verificar uma “situação inversa”.

Festival no Meco relocalizado para Lisboa

De acordo com um comunicado enviado às redacções pela promotora do SBSR, Música no Coração, “a organização do festival vê-se obrigada à única solução possível, a alteração do local, para a viabilização da realização da 26.ª edição”. O festival vai realizar-se na Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa, onde o festival já decorreu em edições anteriores, “mantendo-se o cartaz na íntegra”, informam. Os bilhetes já comprados são válidos para a nova localização, mas não haverá campismo. A possibilidade de devolução do preço dos bilhetes será alvo de avaliação com a Inspeçcão-Geral das Actividades Culturais.

O executivo da Câmara de Sesimbra esteve reunido ao longo da manhã com a Protecção Civil e os organizadores do festival, tendo sido dados a conhecer os pareceres que a câmara havia pedido à ANEPC e à GNR sobre a existência de condições de segurança para realizar o evento.

O festival esperava receber entre 30 a 40 mil pessoas na Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, mas será relocalizado devido ao estado de contingência decretado pelo Governo esta segunda-feira e em vigor até sexta-feira, por risco de incêndio rural, que proíbe o “acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais”.

Em conferência em Sesimbra, no final de uma reunião com a Câmara Municipal e a Protecção Civil, Luís Montez, director da Música no Coração, dava conta da mudança de localização do festival. “Desde Março que estamos no terreno a trabalhar. É um trabalho que vai para o lixo, um prejuízo enorme para a minha empresa, mas vamos em frente, montar já tudo na Altice Arena”. Imediatamente antes da conferência de imprensa, dera “instruções” para os “camiões começarem a desmontar o som e a luz” dos palcos. Para além de manter a totalidade do cartaz, a intenção da promotora passa também, diz Luís Montez, por manter os horários inicialmente programados.

Segundo a Lusa, o festival manterá os quatro palcos previstos, prevendo-se, portanto, uma distribuição similar à existente quando o festival teve lugar no Parque das Nações, entre 2015 e 2018. Teremos, portanto, o palco maior na Altice Arena, dois outros palcos na Sala Tejo e um palco no exterior.

Questionado sobre outros festivais que a promotora organiza, em espaços naturais semelhantes ao da Herdade do Cabeço da Flauta, como é o caso do Meo Sudoeste, na Zambujeira do Mar, de 2 a 6 de Agosto, e aos receios que esta mudança forçada do Super Bock Super Rock poderá levantar, Luís Montez apontou uma diferença relevante nos dois casos. “No Sudoeste a área é agrícola, por isso é uma questão diferente [a proibição decretada pelo estado de contingência abrange apenas áreas florestais]”.

Também a 40.ª Convenção Internacional de Motos de Faro, cancelada em 2020 e 2021 por causa da pandemia e que deverá receber 25 mil pessoas, sofrerá ajustamentos, no caso concreto com a relocalização do parque de campismo, segundo informaram os próprios organizadores do evento – já que 14 dos 34 hectares onde se realiza o encontro de motards, no Vale das Almas, correspondem a uma zona arborizada destinada ao acampamento dos participantes. A zona de campismo será agora transferida para um terreno urbanístico, outrora utilizado pelo festival, mas entretanto adquirido por um promotor imobiliário que aí constrói neste momento habitações. Segundo a RTP3 decorrem neste momento negociações entre a presidência da Câmara de Faro e o referido promotor, de forma a oficializar a mudança do parque de campismo. No recinto florestal estariam já instalados cerca de mil participantes no festival.

Cerca de 80% do país está em risco “excepcional” de incêndio até sexta-feira, com temperaturas estimadas acima dos 40 graus. O distrito de Setúbal, onde se localiza a aldeia do Meco, está em alerta laranja e o distrito de Faro em alerta amarelo, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

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