#2 “A mãe da minha amiga deixa”

É claro que quem está de fora prega que um “Não” é um “Não”, que é preciso impor limites... Mas queria ver quanto tempo é que resistiam se tivessem atrás deles um adolescente a repetir incansavelmente a mesma ladainha.

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@DESIGNER.SANDRAF

Querida Filha,

Abriu a época do “A mãe dos outros deixa!” Ai, que seca que pode ser um filho/a adolescente em férias de verão. É claro que quem está de fora prega que um “Não” é um “Não”, que é preciso impor limites, que o que falta a esta geração são pais mais firmes, blá, blá, blá... Mas queria ver quanto tempo é que resistiam se tivessem atrás deles um adolescente a repetir incansavelmente a mesma ladainha. Solução? Uma coligação com as mães de todos os amigos? Impossível. O melhor é ceder, e depois, por favor, não ficar a remoer.

Durante muito tempo pensei que se voltasse atrás no tempo seria mais inflexível, mas é mentira! Faria tudo igual. Ou pior, a avaliar pela rapidez com que cedo quando são os netos a pedir.


Mãe,

Esse é um problema de resolução facílima. Só exige alguma visão estratégica a longo prazo, ou seja, começar a pensar no assunto quando eles ainda andam no pré-escolar. Implica ser amiga das mães mais exigentes e controladoras do grupo, fomentando a amizade entre os filhos dela e os nossos. Assim, podemos passar a adolescência a ser as “mães liberais” e a ouvir comentários como “Mãe, sabias que a mãe da x não a deixa sequer ir ao cinema das 19h?!” Boom! We win.


No Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. Agora, ao longo do Verão, deixam curtos avisos que não são de desprezar. Facebook e Instagram.

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