Igor Volobuyev, o antigo banqueiro russo que luta agora pela Ucrânia

Antigo dirigente do banco da Gazprom, próximo do Kremlin, Igor Volobuyev saiu da Rússia no início da guerra para combater pela sua “única pátria”: a Ucrânia. E integra uma legião de combatentes de nacionalidade russa que decidiram defender Kiev. “Não podia alinhar com este crime”, diz da invasão russa.

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Igor Volobuyev, ex-presidente do Gazprombank, está a lutar com o Exército ucraniano GLEB GARANICH/REUTERS

Quando a guerra eclodiu, Igor Volobuyev, antigo vice-presidente da Gazprombank, o terceiro maior banco russo, “soube imediatamente que queria defender a Ucrânia” – país onde tem raízes familiares e onde viveu grande parte da vida adulta.

Saiu da Rússia no dia 2 de Março, alegando que viajava de férias e durante as semanas seguintes tentou convencer as autoridades ucranianas a concederem-lhe documentos ucranianos e a recrutarem-no para as forças armadas.

“Primeiro queria juntar-me às unidades de defesa territorial na região de Sumi, onde cresci. Entrei em contacto com muitos oficiais, mas legalmente não era possível lutar lá como russo”, explica em entrevista ao jornal britânico The Guardian. Mas acabaria por ser recrutado para uma legião composta inteiramente por cidadãos russos que lutam pela Ucrânia.

No sábado, através de um discurso divulgado nas redes sociais, Volobuyev surgiu a segurar uma arma automática enquanto anunciava que estava pronto para defender a Ucrânia. “Estou muito feliz por ter alcançado o meu primeiro objectivo. Agora tenho que passar rapidamente por treino militar para que possa realmente ir e lutar. Não posso parar a meio do caminho”, declarou. “Não podia alinhar com este crime”, diz da invasão russa.

Na Rússia, a decisão de apoiar a Ucrânia provocou uma onda de choque, tendo em conta o alto cargo de chefia que ocupou num banco próximo do Kremlin durante cerca de 20 anos. O actual presidente do Gazprombank, Alexei Miller, é próximo do líder russo, Vladimir Putin.

Volobuyev recusa dar mais informações em relação à sua unidade militar, que descreve como “um grupo muito secreto”, mas acrescenta que os militares que integram a legião não são mercenários e têm participado nos combates contra as tropas russas. “É um grupo de russos altamente motivados que acreditam que derrotar Moscovo é a única maneira de criar um país democrático e civilizado”, revelou, para acrescentar que a Ucrânia é a sua “única pátria”.

O emblema oficial desta legião de russos ao serviço da Ucrânia, descreve o jornal britânico, mostra a mesma bandeira branca e azul utilizada por manifestantes russos antiguerra, dentro e fora do país. No uniforme de Volobuyev está uma bandeira russa modificada: a faixa vermelha passa a ser branca para remover a associação ao “sangue e violência”.

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