Oceanos: Neto de Cousteau pede mais investimento na educação para salvar planeta

Philippe Cousteau fundou uma organização que trabalha com jovens em 146 países e defende que a falta de investimento em educação é “um grande erro”.

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“A educação é a única forma que temos de construir um movimento social para tudo, seja para o planeta, para as mulheres ou para direitos sociais”, defende Philippe Cousteau Reuters

O oceanógrafo e activista ambiental norte-americano Philippe Cousteau, que fundou uma organização que trabalha com jovens em 146 países, defendeu este sábado que se deve apostar na educação antes de se falar em conservação. “O meu avô [o explorador francês Jacques-Yves Cousteau] ensinou-me que antes de falarmos em conservação devemos falar de educação. Acho que cometemos um grande erro, investimos pouco em educação”, afirmou em entrevista à agência Lusa no Clube dos Exploradores, em Nova Iorque, onde participou como orador na semana mundial dos Oceanos.

Por não se ter investido na educação ambiental, “os esforços que se fizeram para proteger a Terra não resultaram e é por isso que há comunidades que não se importam [com o ambiente] e elegem políticos que também não se interessam pelo clima”, disse. Cousteau espera, por isso, que a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os oceanos, que se realiza em Lisboa, entre 27 de Junho e 01 de Julho, corresponda a uma mobilização política para a crise climática.

“Alguns líderes mundiais vão lá estar, reconhecendo finalmente que para resolver a crise climática é preciso começar pelos oceanos”, disse.

Philippe Cousteau fundou a EarthEcho International em 2005, em honra do pai, o mergulhador e cineasta Philippe-Pierre Cousteau, filho de Jacques-Yves Cousteau (1910-1997). O pai de Philippe Cousteau morreu aos 38 anos (em 1979), quando o seu hidroavião caiu no rio Tejo, em Lisboa, seis meses antes do nascimento do filho.

Pilippe Cousteau tem dedicado os últimos 17 anos à EarthEcho International, uma organização sem fins lucrativos que chega a mais de dois milhões de pessoas em 146 países, segundo dados do “site” da organização. A EarthEcho colabora, sobretudo, com jovens a quem fornece conhecimentos e ferramentas que lhes permitam proteger e restaurar o planeta oceânico.

Os participantes controlam a qualidade da água nas suas comunidades, partilham os dados numa base global e utilizam-nos para desenvolver projectos de protecção dos recursos hídricos. Para Cousteau, são jovens como estes que depois se mobilizam na defesa do ambiente em muitas cidades do mundo, mas que também foram decisivos para a eleição do Presidente Joe Biden, em 2020.

“O combate às alterações climáticas esteve no topo das preocupações [de Biden] e os jovens de 21 e 22 anos tiveram pela primeira vez uma influência, porque estavam motivados para estes assuntos por oposição aos assuntos que eram defendidos por [Donald] Trump]”, explicou. Cousteau admitiu que o movimento ambientalista ignorou a educação durante muito tempo.

“A educação é a única forma que temos de construir um movimento social para tudo, seja para o planeta, para as mulheres ou para direitos sociais”, insistiu. Delegações de 193 países estão inscritas na conferência de Lisboa, organizada pela ONU com apoio dos governos de Portugal e do Quénia.

Subordinada ao tema “Salvar os oceanos, proteger o futuro”, a conferência de Lisboa vai abordar as ameaças aos mares, como a perda de oxigenação e a consequente acidificação, que destrói a diversidade. A poluição marinha e formas de “economia azul” que permitam explorar recursos sem os esgotar são também tema da conferência, que teve de ser adiada em 2020, devido à pandemia de covid-19.

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