Há 50 espécies para observar no primeiro borboletário do Algarve

Espaço em Albufeira recria clima tropical e tem perto de 120 espécies de plantas. É possível observar borboletas nas diferentes fases do seu ciclo de vida.

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Há espécies de borboletas vindas da Ásia, da África e da América no novo borboletário LUÍS FORRA/Lusa

O primeiro borboletário do Algarve apresenta mais de 50 espécies de borboletas de todo o mundo, num ambiente que recria o seu habitat natural: um jardim botânico com perto de 120 espécies de árvores e plantas. Inaugurado em Abril, o espaço está integrado no parque oceanográfico Zoomarine, que fica em Albufeira.

À chegada ao espaço, é logo pedido aos visitantes que olhem para baixo e caminhem com cuidado para não pisarem as borboletas, que por vezes gostam de “descansar” no chão. No interior do jardim a temperatura é de 28 graus, a ideal para recriar um clima tropical, e a humidade elevada, de cerca de 70%, devido a pequenos aspersores automáticos que vão irrigando o local, o que faz com que pareça ali estar bem mais de 30 graus.

O número de borboletas que por ali esvoaça oscila entre as 300 e os 500, número que vai alterando de semana para semana devido ao curto ciclo de vida das borboletas, segundo explica o director de conservação do Zoomarine, Élio Vicente.

“As borboletas têm um tempo de vida muito curto, menos de um mês em média. Há borboletas que vivem uma semana, 10 dias, outras três semanas”, explica, acrescentando que algumas, como a espécie Attacus atlas (uma mariposa asiática), nem têm boca, pois a sua fase adulta é exclusivamente dedicada à reprodução.

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O borboletário recebe todas as semanas crisálidas de várias espécies de borboletas Luís Forra/Lusa

No novo espaço é possível ver borboletas de todas as cores, tamanhos e origens: Ásia, África, América e também algumas que cruzam a Europa. E é também possível assistir a todas as fases por que passam até se tornarem borboletas: desde o ovo, à lagarta, crisálida (ou pupa) e, finalmente, ao estado adulto.

“As borboletas são muito diversas, existem em Portugal mais de 350 espécies diurnas, mas as nocturnas são mais de 2.500”, refere Élio Vicente, sublinhando que a fase adulta, após a metamorfose estar completa, é a “mais mágica” do seu ciclo de vida.

O espaço, além de servir de casa para as borboletas, é também um jardim botânico com mais de 120 espécies de plantas, cada uma com as suas funções: umas servem de alimento para as lagartas, outras para as borboletas fazerem a postura de ovos, outras ainda para ajudar algumas borboletas ou lagartas a camuflarem-se ou a descansarem.

Aproveitar o momento

Algumas das borboletas já completaram no borboletário o seu ciclo de vida, mas todas as semanas chegam encomendas dos vários cantos do mundo com mais exemplares, sempre na sua fase de crisálida, explica Vasco Alves, técnico do borboletário.

Todas as semanas são fixadas crisálidas no berçário, ou “pupário”, onde estão reunidas as condições para que os insectos possam sair do casulo e emergir como borboletas. No berçário a humidade é mais alta, atingindo os 80%, mas a temperatura é ligeiramente mais baixa que no exterior.

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O ambiente tropical do borboletário, com temperatura e humidade elevadas, permite a sobrevivência das borboletas Luís Forra/Lusa

“Algumas podem levar 22 dias a sair dos casulos, outras sete dias. Aqui o ambiente é ainda mais controlado e a humidade tem de ser mais alta para manter as crisálidas hidratadas”, esclarece Vasco Alves.

Às pessoas que ali se deslocam é pedido para evitar tocar e agarrar nas borboletas, porque as asas, constituídas por escamas, são muito frágeis. No entanto, se elas poisarem nas pessoas de livre vontade, é “aproveitar” o momento, refere.

As borboletas “parecem estar à vontade” com os visitantes e reagir aos estímulos que vêem, diz o técnico, pelo que se pode associar “alguma emoção” ao seu comportamento. Algumas borboletas são também territoriais, se preferirem uma determinada planta vão tentar defendê-la de outras borboletas que se aproximem e tentam afugentá-las, informa Vasco Alves.

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O borboletário tem um "pupário" que recebe semanalmente crisálidas vindas dos vários continentes Luís Forra/Lusa

Com a abertura do borboletário, o Zoomarine, cuja colecção de animais é essencialmente composta por animais marinhos e aves, visa também chamar a atenção para a importância dos insectos na sustentabilidade do planeta, assim como da sua fragilidade.

“Nós estamos a falar de animais que são fundamentais para a sobrevivência de todas as espécies que existem no nosso planeta. Muita da nossa alimentação depende de animais polinizadores, e as borboletas, tal como as abelhas, são animais fundamentais nesse equilíbrio da natureza”, conclui Élio Vicente.

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