Aliados de Bolsonaro comemoram potencial compra do Twitter por Elon Musk. Trump diz que não volta

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do actual Presidente, escreveu que os parlamentares brasileiros de esquerda “não vão dormir com a possibilidade de o Twitter ficar livre”. Donald Trump, porém, não parece convencido a voltar ao Twitter: “Não vou para o Twitter, ficarei no Truth”.

Foto
A oferta pela compra do Twitter apresentada por Elon Musk foi aceite esta segunda-feira Reuters/MICHELE TANTUSSI

Aliados e simpatizantes do Presidente do Brasil Jair Bolsonaro comemoraram na segunda-feira a potencial compra da rede social Twitter pelo empresário Elon Musk, que interpretaram como um gesto em “defesa da liberdade”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do actual Presidente, publicou mensagens nas quais criticava as dúvidas que a operação levantou — escreveu que os parlamentares brasileiros de esquerda “não vão dormir com a possibilidade de o Twitter ficar livre”.

O irmão e senador Flávio Bolsonaro partilhou publicações de apoio a Musk e pediu ao magnata para reactivar a conta do ex-Presidente dos Estados Unidos.

Donald Trump, porém, não parece convencido a voltar ao Twitter: “Não vou para o Twitter, ficarei no Truth”, disse à Fox News, referindo-se à rede social que lançou em Fevereiro. “Espero que o Elon [Musk] compre o Twitter porque vai melhorá-lo e é um homem bom, mas eu fico no Truth.”

O ex-Presidente norte-americano foi suspenso de forma permanente do Twitter a 8 de Janeiro de 2021, depois da invasão ao Capitólio, por incitar a violência e propagar notícias falsas. Ainda no início deste mês, Musk mostrou-se “muito cauteloso com as suspensões permanentes” no Twitter, dizendo que prefere um sistema de pausa a uma suspensão.

Bolsonaro satisfeito com a compra: é “a liberdade de expressão"

Jair Bolsonaro, investigado pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro por divulgar notícias falsas sobre a covid-19 e o sistema eleitoral, também mostrou satisfação ao partilhar uma publicação em que Musk pediu aos críticos para o seguirem no Twitter, por ser “isso que significa a liberdade de expressão”. Bolsonaro recomendou ainda um artigo a explicar como desactivar a conta, dirigido aos utilizadores que não “querem ficar no Twitter de Elon Musk”.

O ministro das Comunicações brasileiro, Fábio Faria, deu aos parabéns a Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, nas redes sociais pela possível aquisição do Twitter por 44 mil milhões de dólares (cerca de 41 mil milhões de euros). “Mais uma vez ele [Musk] está dois passos à frente de outros agentes e agora está a dar um gesto ao mundo em defesa da liberdade”, disse Faria.

A deputada Carla Zambelli celebrou o acordo, por representar “uma grande derrota para a esquerda mundial, que pretende silenciar qualquer voz dissonante”.

Várias organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional (AI) e a União das Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU, na sigla em inglês), expressaram preocupação com a possível compra do Twitter por Elon Musk. “O Twitter tem a responsabilidade de proteger os direitos humanos, incluindo o direito de viver sem discriminação e violência e a liberdade de expressão e opinião”, disse o director de Tecnologia e Direitos Humanos para os EUA da AI, Michael Kleinman. Kleinman acusou o Twitter de “fechar os olhos” ao “discurso violento e abusivo” contra mulheres e minorias.

Empresas como o Twitter “desempenham um papel profundo e único para permitir o novo direito à expressão ‘online'”, sublinhou a ACLU. “Devemos estar preocupados quando qualquer agente central poderoso, seja um governo ou uma pessoa com dinheiro, (…), tem tanto controle sobre os limites do nosso discurso político online”, acrescentou a organização.

Sugerir correcção
Comentar