Olena Zelenska escreve sobre o “assassinato em massa de civis ucranianos” na guerra da Ucrânia

“Enquanto os propagandistas do Kremlin se gabavam de que os ucranianos os receberiam com flores, como se fossem salvadores, foram recebidos com cocktails Molotov”, escreveu a primeira-dama ucraniana numa carta aberta publicada na noite de terça-feira onde descreve os ataques contra cidadãos civis perpetrados pelas tropas russas.

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Na carta aberta, a primeira-dama ucraniana lembrou as crianças, os idosos e as pessoas doentes que foram deixadas para trás com a guerra ANNA MONEYMAKER/GETTY IMAGES

“Esta guerra está a ser travada contra a população civil” e trata-se do “assassinato em massa de civis ucranianos”: é assim que a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, descreve o conflito que está a acontecer no seu país, numa carta aberta aos meios de comunicação internacionais publicada na noite de terça-feira no site da presidência ucraniana e nas suas redes sociais. “A Ucrânia quer a paz. Mas a Ucrânia quer defender as suas fronteiras. Defender a sua identidade. Nisso nunca vamos ceder”, escreve.

Na impossibilidade de responder a todos os pedidos de entrevista dos meios de comunicação internacionais, a primeira-dama ucraniana optou por escrever uma carta onde dá conta do horror vivido pela população ucraniana: “O nosso país era pacífico; as nossas cidades, vilas e aldeias estavam cheias de vida. A 24 de Fevereiro, todos acordámos com o anúncio de uma invasão russa. Os tanques cruzaram a fronteira ucraniana, os aviões entraram no nosso espaço aéreo e os lançadores de mísseis cercaram as nossas cidades.”

Apesar de a propaganda russa lhe ter chamado “uma operação especial” sem alvos civis, Olena Zelenksa contrapõe: trata-se do “assassinato em massa de civis ucranianos” devido “ao bombardeamento indiscriminado e deliberado de infra-estruturas civis”. E o mais “terrível” e “devastador” são as “baixas entre as crianças”, escreve a activista pelos direitos das mulheres e das crianças.

“Alice, oito anos, que morreu nas ruas de Okhtyrka enquanto o seu avô tentava protegê-la. Ou Polina, de Kiev, que morreu nos bombardeamentos com os seus pais. Arsenii, 14 anos, foi atingido na cabeça por destroços e não pôde ser salvo porque uma ambulância não conseguiu chegar até ele a tempo devido aos incêndios. Quando a Rússia diz que não está a fazer guerra contra civis, eu refiro o nome destas crianças primeiro”, lê-se na missiva. Zelenska lembra ainda os recém-nascidos em tempo de guerra, como também já mencionou em várias publicações nas redes sociais desde o início do conflito: “Neste momento, há várias dezenas de crianças que nunca conheceram a paz nas suas vidas.”

A guionista lembra as pessoas doentes que não conseguem continuar os seus tratamentos ou os mais “idosos, pessoas gravemente doentes e com deficiência” que têm sido deixados para trás, “acabando longe das suas famílias e sem qualquer apoio”. “A guerra contra estas pessoas inocentes é um duplo crime”, escreve.

Mas, “enquanto os propagandistas do Kremlin se gabavam de que os ucranianos os receberiam com flores, como se fossem salvadores, foram recebidos com cocktails Molotov”. Olena Zelenska saúda assim a bravura dos ucranianos, os “cidadãos das cidades atacadas que se coordenaram para ajudar quem precisa” e “quem continua a trabalhar”, assim como a ajuda humanitária internacional que está a ser dada a quem cruza as fronteiras à procura de segurança. “A todas as pessoas em todo o mundo que estão a manifestar-se pela Ucrânia. Nós estamos a ver-vos. Estamos a ver e apreciamos o vosso apoio.”

A primeira-dama pede então que se abram corredores humanitários nas cidades atacadas, para que se consiga retirar civis de forma segura, e que, quem está no poder, feche o espaço aéreo sobre a Ucrânia: “Fechem o céu e vamos dar conta da guerra no solo.” E deixa uma mensagem à União Europeia: “A guerra na Ucrânia não é uma guerra ‘algures lá fora’. É uma guerra na Europa, perto das fronteiras com a UE.”

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