Netflix congela todas as co-produções com a Rússia

Plataforma de streaming líder do mercado dá mais um passo no boicote cultural à Rússia, avança a revista Variety. Entre os festivais de cinema, o boicote não é unânime.

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DADO RUVIC/reuters

Dois dias depois de ter anunciado a sua intenção de não cumprir a nova lei audiovisual da Rússia, que exige às plataformas de streaming interessadas em operar no país a inclusão de cerca de 20 canais públicos nos seus pacotes, a Neflix decidiu dar mais um passo no boicote cultural ao regime de Vladimir Putin. Segundo avança a revista Variety, o serviço, líder deste crucial segmento do mercado audiovisual, congelou todos os projectos em curso envolvendo a Rússia, em protesto contra a invasão da Ucrânia.

A decisão abrange as co-produções Netflix que estavam em marcha na Rússia, mas também as aquisições de outros títulos produzidos naquele país. Ainda de acordo com a revista especializada norte-americana, a plataforma tinha neste momento a andar quatro originais russos, incluindo uma série criminal dirigida por Dasha Zhuk que estaria já em fase de rodagem, entretanto interrompida. Seria a primeira produção russa da Netflix.

Também alguns dos conglomerados mais importantes de Hollywood já vieram anunciar uma pausa no seu calendário de estreias na Rússia. A Disney optou por não estrear o novo filme da Pixar no próximo dia 10, como estava previsto, e o mesmo acontecerá com o novo blockbuster da Warner Bros., The Batman, cuja chegada aos ecrãs russos fica em stand-by.

Entre os festivais, Cannes tomou a decisão de não receber quaisquer delegações russas ou agentes do meio com ligações ao governo de Putin, numa declaração omissa quanto a uma eventual exclusão de títulos produzidos naquele país no programa da sua próxima edição. De resto, o circuito de festivais divide-se quanto à posição adequada nas actuais circunstâncias. Se o Festival de Glasgow, por exemplo, retirou do seu alinhamento os dois filmes russos que previamente tinha seleccionado, No Looking Back, de Kirill Sokolov, e The Execution, de Lado Kvataniya, já o Festival de Locarno adiantou ao site Deadline que está determinado a mostrar títulos daquele país na sua próxima edição, a decorrer de 3 a 13 de Agosto.

Em obediência à sua defesa da “liberdade de expressão e da arte cinematográfica em todas as suas formas”, o festival suíço “não pretende boicotar filmes russos, já que o cinema é uma voz em prol da diversidade e da criatividade em todos os países”, argumenta a organização.

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