Petrolífera BP vai sair do capital da russa Rosneft

A empresa britânica vai abandonar a participação de 19,75% que detém na empresa pretrolífera russa, uma decisão que pode ter um impacto negativo de 22,2 mil milhões nas contas da BP. Rosneft critica decisão, que qualifica como “uma pressão política sem precedentes”.

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Bernard Looney, presidente executivo da BP Reuters/TOBY MELVILLE

A petrolífera britânica BP anunciou neste domingo que vai sair do capital da gigante russa Rosneft, na qual detém uma participação de 19,75%, pondo fim a 30 anos de operação na Rússia.

Num comunicado, o grupo petrolífero adiantou que Bernard Looney, presidente executivo da britânica, se demitiu do conselho de administração da Rosneft, “com efeito imediato”, assim como outro administrador indicado pela BP. A petrolífera britânica, como accionista, detinha dois lugares no conselho de administração da petrolífera russa.

O ataque da Rússia à Ucrânia é um acto de agressão que tem consequências trágicas em toda a região, disse o presidente do conselho de administração da BP (chairman), Helge Lund.

Segundo o responsável, a BP opera na Rússia há mais de 30 anos (...), mas esta acção militar representa uma mudança fundamental”, levando “o conselho de administração da BP a concluir, após um processo minucioso”, que o seu “envolvimento na Rosneft, uma empresa detida pelo Estado [russo], simplesmente não poderia continuar.

A BP indicou que o grupo faria uma provisão nas suas contas para o primeiro trimestre de 2022, que será publicada em Maio, mas não adiantou como planeia abandonar a sua participação na Rosneft. A imparidade a inscrever nas contas trimestrais, contudo, poderá chegar a 25 mil milhões de dólares (cerca de 22,2 mil milhões de euros).

Em reacção, a Rosneft fala numa decisão provocada por “uma pressão política sem precedentes”, que irá pôr fim a 30 anos de cooperação de sucesso entre as duas empresas.

Assim como a BP, a gigante petrolífera russa também está cotada na bolsa de Londres. A presença entre os seus accionistas da BP, que detinha a segunda maior participação a seguir ao estado russo, foi regularmente alvo de críticas no Reino Unido.

Após a Rússia ter invadido a Ucrânia, Kwasi Kwarteng, o titular da pasta da Economia no governo de Boris Johnson, esteve nesta sexta-feira em reunião à distância com o presidente executivo da BP, Bernard Looney, para expressar as suas preocupações. “A BP deixou a reunião [com Kwasi Kwarteng ] sem nenhuma dúvida sobre a intensidade da preocupação governamental com os interesses comerciais [do grupo] na Rússia”, acrescentou a fonte.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.

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