Instagram quer regras sobre como verificar idade dos menores

O líder do Instagram quer regras específicas sobre como as empresas devem confirmar o aniversário dos seus utilizadores e o tipo de experiências online adequadas a diferentes idade. O pedido foi feito ao subcomité do Senado dos EUA responsável por investigar os efeitos negativos da rede social nos mais jovens.

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Adam Mosseri passou a sessão a pedir mais legislação EPA/SHAWN THEW

O presidente executivo do Instagram, Adam Mosseri, quer que os reguladores norte-americanos criem regras, explícitas, sobre como as empresas devem “proteger jovens online”. O pedido foi feito na quarta-feira durante uma sessão com o subcomité do Senado dos EUA responsável por investigar os efeitos negativos da rede social nos mais jovens. O grupo formou-se há cerca de dois meses, depois da divulgação de documentos sobre o efeito negativo do Instagram nos mais novos.

Adam Mosseri defende que o foco não pode ser numa só empresa. “Com os jovens a usar várias plataformas, é fundamental abordarmos a segurança dos jovens como um desafio da indústria [online] e desenvolvermos soluções e normas para a indústria em geral”, referiu o líder do Instagram, citando estudos que notam que os jovens preferem plataformas como o YouTube ou o Instagram. “A verdade é que manter as pessoas seguras não é só [o trabalho] de uma empresa”, sublinhou

Consciente que muitos jovens na Internet mentem sobre a sua idade, o chefe do Instagram sugere a criação de regras sobre como as empresas online devem confirmar o aniversário indicado pelos utilizadores. Também são necessários guias sobre os controlos parentais em diferentes sites, e o tipo de experiências online adequadas a diferentes idades. “A melhor forma de garantir a responsabilização da indústria, é criar legislação”, justificou Mosseri.

A audiência no Senado norte-americano surge depois das revelações de Frances Haugen, uma antiga trabalhadora da empresa-mãe do Instagram, a Meta (previamente, Facebook). Segundo documentos internos partilhados por Haugen, o Instagram está consciente do efeito negativo que tem na auto-estima e imagem corporal das jovens. Num inquérito feito pela plataforma em 2019, uma em cada três utilizadoras reportaram problemas. Apenas, 22% disse que a rede ajudava.

“Estamos a pedir regulação há pelo menos três anos”, defendeu-se Mosseri, notando que a investigação do Instagram também mostra que a rede social pode ajudar jovens a lidar com depressão e ansiedade “Por vezes, os jovens usam o Instagram para lidar com partes complicadas das suas vidas”, explicou. “Acredito que o Instagram pode ajudar nessa altura. É uma das coisas que a nossa investigação mostra e para mim é o trabalho mais importante.”

Senadores dizem que medidas já deviam ter sido tomadas

Desde as revelações de Frances Haugen, o Instagram anunciou várias mudanças: por exemplo, a rede social vai começar a encorajar os adolescentes que estão sempre a ver a mesma coisa na plataforma a pesquisarem outras coisas. Isto deve impedir os jovens de ficarem demasiado focados em informação sobre determinadas dietas ou conteúdo de celebridades específicas. Quem passar muito tempo seguido no Instagram, recebe um alerta para fazer uma pausa.

Os senadores norte-americanos não estão impressionados com as medidas. “São sistemas que os utilizadores deviam ter tido desde o início”, notou a senadora republicana Marsha Blackburn, do Tennessee, acusando a Meta de estar a “desviar a atenção” dos seus erros. "Não tenho a certeza se as meias-medidas que introduziram nos vão levar ao ponto em que precisamos de estar”, clarificou Blackburn, aludindo ao facto do site e da app do Instagram parecem seguir regras diferentes.

Quando Moseri disse que as contas de jovens com menos de 16 anos tinham passado a ser privadas por definição (os utilizadores têm de autorizar quem é que pode ver o seu conteúdo), Blackburn partilhou como a sua equipa tinha conseguido criar uma conta pública para um jovem de 15 anos através do site. Mosseri admitiu que as alterações apenas tinham sido feitas na app.

“Vamos corrigir rapidamente”, notou o chefe do Instagram que passou a sessão a acentuar que a empresa precisa de legislação para conseguir proteger os seus utilizadores. Questionado sobre algumas medidas hipotéticas, Mosseri disse que concorda com regras para não guardar dados de utilizadores entre os 13 e os 15 anos e diminuir a relevância do algoritmo que recomenda conteúdo. O Instagram já está a ponderar dar aos utilizadores a opção de verem publicações por ordem cronológica. Por outro lado, Mosseri não considera útil acabar com publicidade segmentada para menores e sugere limitar esse tipo de anúncio — a publicidade é a maior fonte de receita da Meta.

Apesar de discordar com algumas sugestões, Mosseri defende que as regras devem ser vinculativas e aplicadas a nível federal. “Sem obrigatoriedade, [a minha proposta] são apenas palavras”, frisou.

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