EUA vão apoiar fundo internacional de jornalismo independente

Administração Biden compromete-se a superar doações de outros países convidados para a Cimeira pela Democracia e inscreve, no Orçamento norte-americano, 236 milhões de dólares para apoiar “o jornalismo independente em todo o mundo”.

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A Cimeira pela Democracia é uma iniciativa do Presidente dos EUA, Joe Biden EPA/TASOS KATOPODIS / POOL

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que a Administração Biden vai fazer “a maior contribuição financeira de todos os governos” para um novo fundo internacional de apoio ao jornalismo. O anúncio de Blinken soma-se à proposta da Casa Branca, inscrita no Orçamento dos EUA para 2022, de um aumento de 40% nas verbas de apoio ao jornalismo independente em todo o mundo.

O anúncio do financiamento norte-americano ao Fundo Internacional para os Media de Interesse Público — uma organização independente, de que faz parte a jornalista filipina-americana Maria Ressa, Nobel da Paz em 2021 — foi feito no arranque da Cimeira pela Democracia. O objectivo é que os governos dos 110 países que os EUA convidaram para debater a erosão da democracia no mundo, entre quinta e sexta-feira, anunciem as suas próprias doações ao fundo de apoio ao jornalismo.

Numa primeira reacção ao compromisso dos EUA, esta quinta-feira, o Governo de Taiwan anunciou que vai doar um milhão de dólares (884 mil euros) ao fundo internacional, ao longo dos próximos três anos.

“Esta doação será feita em resposta ao apelo que os EUA lançaram ao mundo, para nos unirmos no combate à desinformação e no reforço da resiliência dos sistemas democráticos”, disse Douglas Hsu, responsável pelas relações com os EUA no Ministério dos Negócios Estrangeiros taiwanês.

Em Novembro — fora do âmbito da Cimeira pela Democracia —, um grupo de trabalho nomeado pelo Governo da Escócia recomendou a criação de uma nova agência independente no país, com um orçamento inicial de nove milhões de libras (10,5 milhões de euros), “para prevenir o colapso do jornalismo de interesse público”.

Covid como pretexto

Segundo o mais recente relatório da organização norte-americana Freedom House, a democracia recuou em 73 países no ano de 2020 — um recorde nos últimos 15 anos.

Quase 75% da população mundial vive em países onde se registou uma deterioração da democracia em 2020 — um ano que ficou marcado, segundo o secretário de Estado norte-americano (cargo equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros), “pela aprovação de leis excessivamente abrangentes e vagas, relacionadas com a pandemia de covid-19, que estão agora a ser usadas contra jornalistas sob o pretexto do combate à desinformação”.

Em relação ao trabalho dos media, o Índice da Liberdade de Imprensa em 2020, da organização Repórteres sem Fronteiras, indica que o exercício do jornalismo “está a ser totalmente bloqueado ou muito dificultado em 73 países, e constrangido em outros 59”.

Numa declaração feita por videoconferência, esta quinta-feira, o Presidente norte-americano, Joe Biden, salientou que a proposta de Orçamento dos EUA para 2022 tem uma verba de 424 milhões de dólares (375 milhões de euros) para “reforçar governações transparentes e responsáveis, incluindo o apoio à liberdade dos media e à promoção de reformas democráticas, à luta contra a corrupção internacional e à protecção de eleições livres”.

Antes, o secretário de Estado norte-americano tinha especificado que o apoio dos EUA “ao jornalismo independente em todo o mundo”, na proposta de Orçamento para 2022, é de 236 milhões de dólares (209 milhões de euros) — mais 40% do que em 2020, segundo Blinken.

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