Partidos conformados com data da eleição, mas com reacções em diferentes tons

Entre críticas e elogios, partidos com assento parlamentar dizem-se prontos para ir a eleições no final de Janeiro.

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Partidos com assento parlamentar reagiram ao anúncio presidencial de eleições antecipadas a 30 de Janeiro Rui Gaudencio

A maior parte dos partidos queria eleições mais cedo, com a data de 16 de Janeiro como a preferida. O Presidente marcou para dia 30 do primeiro mês de 2022. Os partidos não tinham outra opção que não aceitar. Todos se dizem aptos para enfrentar eleições nesse dia, mas as reacções à decisão foram feitas em tons muito diferentes.

O PS, que era um dos que queriam a eleição a 16 de Janeiro, afirmou que “compreende e respeita” a decisão do Presidente da República de dissolver o Parlamento e marcar eleições antecipadas para o dia 30 de Janeiro. O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, defendeu que o seu partido “tudo fez para evitar esta crise política, procurando, até ao limite do que considerou ser o interesse nacional, alcançar um acordo para a aprovação do Orçamento do Estado”.

“Os partidos rejeitaram as propostas do Governo sabendo que o Presidente da República havia anunciado que convocaria eleições se o orçamento fosse reprovado”,afirmou. “Com o PS não haverá um vazio de poder. Tudo faremos para que esta situação não prejudique os interesses dos portugueses”, garantiu o número dois do PS.

Rui Rio, líder PSD, que defendeu eleições legislativas a 9 ou 16 de Janeiro, mostrou-se conformado com a decisão do Presidente de apontar o dia 30. “O Presidente decidiu 30 de Janeiro, está decidido, há que ir em frente, ponto final parágrafo”, afirmou em entrevista à TVI.

Rio, que chegou a afirmar que uma eleição numa data mais tardia beneficiaria Paulo Rangel, candidato à presidência do PSD, recusou-se agora a comentar esse cenário, afirmando que já mudou de capítulo.

“O argumento do Presidente da República foi os debates [televisivos em cima do Natal]: quando há presidenciais também há debates ou no fim do ano ou no princípio do ano, ou no fim do ano. E ele entende, por experiência própria, que isso não é bom. Pronto, cá estamos”, afirmou.

Já o BE insistiu que legislativas antecipadas não eram “uma inevitabilidade” e que este não era o desejo do partido, mas defendeu que “nenhum democrata pode ter medo de eleições”, recusando uma “guerra política” em torno da data escolhida.

“O Presidente da República foi quem, ainda decorria o processo negocial, ameaçou com a existência de eleições antecipadas e foi, da parte do Governo, o senhor primeiro-ministro quem não pretendeu ter no processo de discussão do Orçamento do Estado um orçamento capaz de responder ao país. Da parte do Bloco de Esquerda, nós não desejámos eleições e sempre tivemos como vontade garantir um orçamento que não faltasse ao país neste momento fundamental”, criticou.

PCP considera 30 de Janeiro data “incompreensivelmente tardia”

O PCP, por sua vez, considerou que 30 de Janeiro é uma data “incompreensivelmente tardia” e dá a sensação de estar condicionada por “candidaturas a lideranças partidárias”. O deputado António Filipe considerou que a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa dá a sensação de que foi escolhida “em nome de conveniências” de “candidaturas a lideranças partidárias”.

Já Cecília Anacoreta Correia, porta-voz do CDS-PP, recusou que o congresso electivo dos centristas se realize antes das eleições legislativas, argumentando que o partido tem “apenas seis semanas” para se preparar e apresentar as listas. A porta-voz centrista recusou também que a data escolhida pelo Presidente da República retire argumentos à direcção para o adiamento do congresso.

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que a data apontada pelo Presidente permite que a campanha não colida com a época festiva e dá tempo aos partidos para envolverem os cidadãos nos seus programas. “As pessoas precisam de ter alguma normalidade dentro daquele que foi o contexto sanitário que o país viveu, e ainda vive”, afirmou.

A deputada Mariana Silva, do PEV, afirmou que o Presidente da República impediu que as eleições legislativas antecipadas “fossem o mais rapidamente possível”, insistindo que “existiam outros instrumentos” que não implicavam a dissolução da Assembleia da República.

Já o Chega considerou a data indicada pelo Presidente “aceitável” para as eleições legislativas por permitir que os debates televisivos não coincidam com a época festiva. André Ventura, líder do partido, afirmou que a data não corresponde à que o partido “preferia” e “tinha indicado”, mas compreende os argumentos apresentados por Marcelo Rebelo de Sousa

Para a Iniciativa Liberal (IL), a data é “correcta e razoável” para que haja um “cabal esclarecimento das opções que estão perante os portugueses”.

A Assembleia da República vai realizar reuniões plenárias até ao dia 26 de Novembro, mas não tem ainda qualquer indicação sobre a data da dissolução. 

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