Celebridades exigem acções aos chefes das redes sociais contra abuso online das mulheres

De Emma Watson a Annie Lennox, são mais de 200 mulheres que, numa carta aberta publicada no Fórum Geração Igualdade da ONU, exigem que se tomem medidas para combater os abusos na Internet, a “praça do século XXI”.

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38% das mulheres em todo o mundo já sofreram de algum tipo de abuso online Unsplash/Victoria Heath

A ex-primeira-ministra australiana Julia Gillard, a ex-jogadora de ténis americana Billie Jean King, as actrizes britânicas Thandiwe Newton e Emma Watson ou a cantora Annie Lennox são apenas algumas das signatárias de uma carta que pede acções concretas para combater os abusos nas redes sociais.

“Como primeira-ministra da Austrália (entre 2010 e 2013), como acontece com outras mulheres com uma vida pública, recebi regularmente através das redes sociais [comentários] altamente sexistas e feios, incluindo a circulação de desenhos animados pornográficos”, recordou Julia Gillard, em declarações à BBC.

Na missiva, que conta com a assinatura da política australiana, mais de 200 mulheres dirigem-se “aos presidentes de algumas das plataformas tecnológicas mais poderosas do mundo”, exortando para que enfrentem “uma das maiores barreiras à igualdade de género: a pandemia de abusos online contra mulheres e raparigas”.

“Os compromissos assumidos hoje devem ser vistos como uma promessa às mulheres e raparigas de todo o mundo de que irão lidar decisivamente com os abusos a que estão sujeitas nas suas plataformas”, lê-se na carta, que salienta o facto de “38% das mulheres em todo o mundo já terem sofrido directamente abusos online”, ressalvando que "para as mulheres negras, para as mulheres da comunidade LGBTQ+ e outros grupos marginalizados o abuso é, frequentemente, muito pior".

Entretanto, quatro das maiores plataformas sociais online — o Facebook, Google, TikTok e Twitter — comprometeram-se a tomar uma série de medidas para combater a tal “pandemia de abusos online” contra mulheres e raparigas, durante o Fórum de Igualdade de Geração das Nações Unidas.

No entanto, há quem considere que este compromisso não passa de uma promessa vazia: “Estas declarações abstractas oferecem às empresas tecnológicas uma boa oportunidade de relações públicas, mas estes não são compromissos reais”, escreveu a activista Lucina Di Meco, co-fundadora da #ShePersisted Global, no Twitter.

Para que se passe das promessas às acções, na carta considera-se “vital pôr em acção duas prioridades que as mulheres afirmaram serem críticas para a sua segurança: mais controlo das suas experiências nas plataformas e melhores sistemas de informação”. Ou seja, as signatárias consideram que as grandes plataformas digitais devem “dar às pessoas um maior controlo para gerir a sua segurança”. “Em vez de uma experiência de tamanho único, as mulheres deveriam ter mais controlo sobre quem pode interagir com elas nas plataformas tecnológicas”, sublinhando que "estas ferramentas devem ser fáceis de encontrar e simples de utilizar".

Além disso, os gigantes tecnológicos deverão “melhorar os seus sistemas de denúncia de abusos”. “As ferramentas actuais precisam de ser melhoradas para que as mulheres possam facilmente denunciar abusos e acompanhar o progresso destas denúncias”, especifica-se. 

Tudo porque, como se destaca no documento, “a Internet é a praça do século XXI. É onde o debate tem lugar, as comunidades são construídas, os produtos são vendidos e são construídas reputações. Mas a escala dos abusos online significa que, para demasiadas mulheres, estas praças digitais não são seguras. Isto constitui uma ameaça ao progresso na igualdade entre os sexos”.

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