Marcelo responde aos convívios dos adeptos no Porto pedindo “coerência” das regras sanitárias

O Presidente da República comentou a presença dos adeptos ingleses em Portugal durante uma visita ao Banco Alimentar Contra a Fome, este sábado em Lisboa. Além da coerência no discurso do país, pede um equilíbrio entre o facilitismo e o alarmismo no que toca à pandemia.

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Marcelo Rebelo de Sousa numa visita ao Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa, este sábado LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República pediu este sábado coerência, referindo-se à presença de adeptos ingleses em Portugal para assistir à final da Liga dos Campeões, e defendeu que “não é possível dizer que vêm em bolha” e isso não acontecer. Durante uma visita ao Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou da pandemia e sublinhou a necessidade de “um discurso que as pessoas percebam”.

“Não se pode dizer que temos que obedecer às regras, fixa-se um limite e depois o limite já não é esse, é outro”, afirmou, salientando também que “não é possível dizer que [os adeptos] vêm em bolha para assistir a um espectáculo desportivo e depois não vêm em bolha, não é possível”.

“Porque se de repente há coisas que não batem certo com a realidade há uma perturbação e há uma crítica das pessoas”, alertou também o Presidente da República, apontando que se trata “de uma questão de comunicação”, sustentou.

“Não nos devemos agarrar ao acto em sim mesmo, devemos agarrar é à dificuldade de ir fazendo este processo de uma maneira que seja compreensível e aceitável para os portugueses”, defendeu, considerando que “acontece” mas constitui “uma lição para o futuro”. Para o Presidente, o problema está na dificuldade em “muito definir as regras sanitárias em relação a seis espectáculos por todo o país”.

Defendendo que é preciso “ter a noção do exemplo que se dá”, o Presidente da República lembrou que estava prevista para Junho a Festa do Livro no Palácio de Belém, que tinha “autorização sanitária” para decorrer com a presença de “1500 pessoas ao mesmo tempo”, mas foi adiada.

“Eu disse não, nem pensar nisso”, revelou Marcelo, justificando que “1500 pessoas é um péssimo exemplo para o país”. E pediu que haja “esse bom senso” e também que não se diga “vem aí uma tragédia”.

Equilíbrio entre facilitismo e alarmismo

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu, ainda, um equilíbrio entre ser facilitista e alarmista, afirmando que os portugueses cumprem as normas decorrentes da pandemia de covid-19 quando o que é dito “cola à realidade”. “Não podemos ser facilitistas, não podemos ser alarmistas”, salientou.

Lembrando que ainda é necessário cumprir as regras sanitárias, como uso de máscara e evitar aglomerados de pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa apontou também que Portugal está a “entrar uma fase em que, continuando a olhar para a vida e para a saúde”, é preciso olhar também “para a vida e a saúde da economia e da sociedade”.

“Para os mais pobres, para o problema da fome, para o problema do desemprego, para o problema da falta de salários. E é este equilíbrio que é muito importante numa fase em que os números crescem em casos, algumas vezes e em algumas áreas, mas felizmente não crescem em internamento nem em cuidados intensivos e não estão a crescer em mortes”, elencou.

Para o Presidente da República, esta evolução mostra que “a vacina está a fazer os seus passos”, mesmo “com mais variante, com menos variante” a que é preciso estar atento.

“Agora temos de encontrar o discurso adequado à realidade, que não pode ser igual ao que era em Janeiro, Fevereiro e Março porque as pessoas não acreditam”, disse o chefe de Estado, recusando que Portugal esteja “na mesma”.

Lembrando que na sexta-feira decorreu mais uma reunião com peritos sobre a evolução da pandemia, no Infarmed, o Presidente considerou que os especialistas “foram flexibilizando alguns critérios dentro do avanço do desconfinamento, mantendo a matriz geral que é utilizada lá fora, sobretudo para relações entre países, mas dentro da matriz dando passos para flexibilizar com cuidado”.

E considerou que ele próprio foi “muito duro quando foi preciso ser muito duro e agora não é ser mole, é ser sensato para dizer às pessoas coisas que as pessoas acreditam”, porque “se não acreditam não seguem”.

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