As sapatilhas Satan Shoes do rapper Lil Nas X vão oficialmente sair do mercado

Nike retira processo à empresa que fez os sapatos. Em troca, os Satan Shoes e os Jesus Shoes são retirados de circulação. Os consumidores serão reembolsados.

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Reuters/ANDREW KELLY

A Nike retirou o processo judicial à empresa MSCHF Product Studio Inc, que produziu as sapatilhas Satan Shoes em colaboração com o rapper Lil Nas X, que não foi constituído arguido. A decisão vem no seguimento de um acordo legal entre as duas marcas, em que a fabricante dos sapatos aceitou retirá-los do mercado, juntamente com os anteriormente produzidos, os Jesus Shoes. A empresa oferecerá um reembolso total a todos os que compraram os ténis.

A MSCHF foi originalmente processada pela gigante do desporto por os Satan Shoes violarem as suas marcas registadas, argumento com que um juiz federal norte-americano concordou, ordenando a suspensão imediata das vendas dos sapatos. A situação assim permanecia até ao mais recente acordo entre as duas partes, que passa a incluir um segundo par de ténis produzidos há dois anos pela MSCHF nos mesmos moldes, os Jesus Shoes.

A base para os Jesus Shoes foram o Nike Air Max 97, comprados pela MSCHF – companhia de artes sediada em Brooklyn, Nova Iorque – a preço normal, na altura a 160 dólares (145 euros). Foi adicionada uma cruz dourada aos atacadores e encomendada água do Rio Jordão, em Israel, que foi benzida depois por um padre de Brooklyn. A sola do sapato foi então molhada em água benta, numa analogia ao facto de Jesus ter caminhado sobre as águas, segundo relatam os Evangelhos. As sapatilhas incluem ainda um versículo da Bíblia — “Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles andando sobre o mar” — na nova fonte Times Newer Roman, criada também pela MSCHF. Foram produzidos apenas 24 pares.

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Desta vez, os Satan Shoes obedecem a um critério semelhante. Os sapatos são também uns Nike Air Max 97 que foram personalizados com tinta vermelha e “uma gota de sangue humano” na sola, além de o fecho ser um pentagrama e ter a inscrição “Luke 10:18”, uma referência ao Evangelho de São Lucas, capítulo 1o, versículo 18, em que está escrito que Satanás foi expulso do céu. Foram feitos 666 pares destas sapatilhas — edição limitada ao número que alegadamente corresponde ao diabo. A parte de trás de um dos sapatos diz “MSCHF” e o outro “Lil Nas X.”, além de possuírem o logótipo da Nike swoosh. Neste momento já todos os pares foram vendidos a 1018 dólares (864 euros), com excepção do último, o 666.º, que seria entregue a um utilizador do Twitter seleccionado pelo cantor, acção agora impossibilitada.

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David Bernstein, que preside o grupo de litígios de propriedade intelectual da Debevoise & Plimpton, um escritório de advocacia, e representa a MSCHF, explicou que empresa “pretendia comentar o absurdo da cultura de colaboração praticada por algumas marcas, e a perniciosidade da intolerância”. De acordo com Bernstein, as mensagens artísticas que a MSCHF desejava passar com os sapatos foram “dramaticamente amplificadas” pela polémica. Assim, “tendo alcançado o seu objectivo artístico, a MSCHF está satisfeita por ter resolvido o processo judicial”, explica.

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