Retalhistas pedem aumento “urgente” do número de pessoas por 100 metros quadrados

O actual limite de cinco pessoas por cada 100 metros quadrados é insuficiente e fica abaixo da prática de Estados-membros mais afectados, defende a APED, que propõe uma “subida urgente acima de sete”.

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Esteve para ser alterado em Setembro, mas o certo é que o número de clientes autorizados a estar simultaneamente dentro das lojas, por 100 metros quadrados, mantém-se em cinco desde o início da pandemia. A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) considera o rácio insuficiente e apela ao Governo “uma subida urgente acima de sete”, sem esconder que o óptimo seriam 10, em linha com a prática de outros Estados-membros, alguns deles com um quadro pandémico mais grave, como é o caso de França ou da Alemanha.

“Temos, em Portugal, o índice mais baixo da Europa relativamente ao número de clientes em loja, disse o director-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, numa altura em que mais estabelecimentos vão poder abrir portas, a 5 de Abril, e os restantes, incluindo centros comerciais, a 19 de Abril.

O responsável acrescenta não ver “razão absolutamente nenhuma” para se insistir numa questão que, “por um lado, põe em causa a sustentabilidade dos negócios, sobretudo do retalho especializado, e que, por outro, não tem adesão com a realidade e as necessidades de cumprimento de legislação em saúde pública, num aspecto em que nós somos os primeiros a querer que tudo corra bem”.

Realçando o investimento realizado pelos associados da APED para garantir a segurança dos clientes dentro das lojas, que em alguns casos ascendeu a 2% a 3% dos orçamentos para 2020, Lobo Xavier, que falou na apresentação do Barómetro de Vendas relativo ao último ano, destaca que “as lojas estão normalmente quase vazias, ou com um tráfego muito reduzido”. E acrescentou que em dias de muita afluência, os clientes “fazem fila à porta, local onde, aí sim, esses aglomerados que queremos evitar não podem ser controlados por nós”.

“Isto resolvia-se aumentando o rácio de consumidores em loja, mantendo nós a eficácia de protecção dos consumidores e dos nossos colaboradores”, defende Gonçalo Lobo Xavier, admitindo que a associação ficaria “muito contente se o rácio duplicasse (para 10 pessoas por 100 metros quadrados), mas que “tudo o que fosse acima de sete já dava um sinal muito interessante para o mercado”.

“Não é nos espaços comerciais que há transmissão do vírus. O que pode gerar transmissão de vírus é insistirmos nesta teimosia de não olharmos para o facto de as lojas terem feito investimento e estarem estruturalmente preparadas para receber mais clientes”, sublinhou ainda. 

Questionado sobre a forma como têm sido aprovadas as medidas de combate à pandemia, com impacto na distribuição, o responsável admitiu que têm sido um problema. “Anunciar medidas a uma quinta-feira e esperar por um decreto que sai no sábado à meia-noite, para as medidas entrarem em vigor na segunda, é muito complicado. É preciso que o Governo entenda que temos de planear a vida dos nossos colaboradores e dos espaços das nossas lojas e isto cria uma pressão que não se justifica”, declarou Lobo Xavier.

O volume de vendas no sector do retalho (alimentar e especializado) caiu 1,5% em 2020 face ao ano anterior, atingindo um volume de vendas de 22.653 milhões de euros, segundo os dados do Barómetro de Vendas da APED, divulgados esta terça-feira.

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