Governo britânico diz que ainda é “muito cedo” para dizer se vai ajudar a UE com vacinas

Londres só reencaminhará o seu excedente de vacinas para outros países se isso não afectar o calendário de vacinação da sua população. Ministra diz que a União Europeia garantiu que não porá em causa os contratos de fornecimento de vacinas do Reino Unido.

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Ministra do Comércio Internacional britânica, Liz Truss Reuters

O Governo de Boris Johnson considera ainda prematuro para saber se irá ajudar a União Europeia e outros países com os excedentes das suas encomendas de vacinas, mas que isso só acontecerá se o mesmo não afectar o calendário de vacinação da população do Reino Unido.

“Primeiro temos de garantir que a nossa população é vacinada”, disse a ministra do Comércio Internacional britânica, Liz Truss, em entrevista este domingo à Sky News. “Temos o objectivo de conseguir vacinar os mais vulneráveis até ao final de Fevereiro. É ainda muito cedo para dizer como vamos distribuir as vacinas, mas certamente queremos trabalhar com amigos e vizinhos, queremos trabalhar com países em desenvolvimento”, explicou.

Truss, tal como antes Nadhim Zahawi, responsável governamental britânica pelas vacinas, sublinhou a necessidade de cooperação internacional, até porque não serve os interesses britânicos ser uma ilha vacinada no meio de um continente que o não esteja.

A ameaça da UE de recorrer ao artigo 16 do Protocolo para a Irlanda do Norte do acordo assinado com o Reino Unido, que permite a suspensão dos seus efeitos perante “dificuldades económicas, sociais e ambientais”, gerou uma pequena crise política que obrigou a conversas telefónicas na madrugada de sábado entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

“Estamos satisfeitos que a UE tenha admitido que invocar o artigo 16… era um erro e que não vão avançar com isso”, disse a ministra. Liz Truss mostrou-se “completamente convencida” que o Reino Unido pode continuar o seu programa de vacinação porque irá receber as vacinas que encomendou à AstraZeneca: “Recebemos a garantia da UE que esses contratos não serão afectados”.

Com o recuo de Bruxelas, os ministros britânicos procuram agora evitar novas crispações numa questão delicada e acentuar a ideia da cooperação. “Aquilo que sabemos sobre o programa de vacinação é que se trata de um programa global e temos de encontrar uma solução global. Só poderemos lidar com esta doença se tivermos toda a gente vacinada no mundo”, explicou a ministra.

“É vital que trabalhemos em conjunto, é vital manter as fronteiras abertas e resistimos ao nacionalismo das vacinas e resistimos ao proteccionismo”, acrescentou. 

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