Trump planeia evento para multidão no exterior da Casa Branca no sábado — debate de quinta-feira foi cancelado

O Presidente Donald Trump também tem agendado um comício na Flórida na segunda-feira.

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Reuters/@realDonaldTrump

Há quem fale em comício, quem se refira a acto público ou a evento. Quem fale em centenas de participantes, quem refira a possibilidade de se juntarem até duas mil pessoas. Em qualquer dos casos, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a planear juntar uma multidão no espaço exterior da Casa Branca, no sábado. Na segunda-feira, haverá comício na Flórida.

Os planos para realizar um evento na Casa Branca já estão a suscitar preocupações sobre a possibilidade de transmissão do novo coronavírus, escreve o The New York Times. Acontecem cerca de uma semana depois de se saber que o Presidente tinha contraído o vírus SARS-CoV-2. Foi na madrugada de sexta-feira que Trump escreveu no Twitter que também estava infectado.

Aquele jornal refere que na agenda de Trump estão marcados dois comícios: o primeiro no exterior da Casa Branca, podendo juntar até 2ooo pessoas; outro na Flórida na segunda. De acordo com a agência Reuters, o encontro na Casa Branca poderá reunir centenas de pessoas; comício na Flórida será num aeroporto, desconhecendo-se ainda exactamente em que moldes. O evento de sábado seria, porém, o primeiro em que Trump participaria desde que foi diagnosticado, depois de um teste positivo, com covid-19, segundo relataram àquele jornal três fontes que estão a par da intenção do Presidente norte-americano.

Um funcionário da Casa Branca, escreve também a agência Reuters, disse que Trump se vai dirigir à multidão de uma das varandas, fazendo um discurso sobre o tema da “lei e ordem”. Uma fonte adiantou à mesma agência que as pessoas devem usar máscara; o The New York Times acrescenta que também terão de medir a temperatura e preencher um questionário. No comício marcado para a Flórida, os participantes deverão assinar uma declaração assumindo “voluntariamente todos os riscos relacionados com exposição à covid-19”.

O evento na Casa Branca, que foi avançado em primeira mão pela ABC News, dá continuidade ao padrão já revelado por Trump de usar a Casa Branca para eventos partidários, nota o The New York Times.

O mesmo jornal refere que na Casa Branca e entre os membros da campanha de Trump existem receios relativamente àquilo que o Presidente poderá dizer, temendo-se igualmente que o evento acabe por dar ênfase às críticas de que se tem mostrado indiferente em relação a um vírus que já matou mais de 210 mil americanos.

Além disso, nota ainda o mesmo órgão de comunicação social, o evento acontecerá apenas duas depois da cerimónia de nomeação da juíza Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal, no Rose Garden da Casa Branca, um evento que alguns apontam como possível fonte do surto que infectou Trump, a primeira-dama e mais duas dezenas de pessoas.

Trump “quer falar com o povo americano"

Porém, e segundo a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, Donald Trump já estava empenhado e pronto para partir, em campanha eleitoral, assim que obtivesse a aprovação do médico para tal: “Quer falar com o povo americano, e quer estar lá fora”, disse à Fox News.

Segundo Kayleigh McEnany, que também teve um resultado positivo para a covid-19, “há testes médicos em andamento que garantirão que, quando o Presidente voltar, não poderá transmitir o vírus”. Assegurou: “Não estará lá fora se puder transmitir o vírus”.

O médico de Donald Trump, Sean Conley, já tinha afirmado que o Presidente tinha completado o tratamento para a covid-19, estando autorizado a voltar à vida pública e à campanha eleitoral já a partir de sábado. Antes de se conhecer este plano de Donald Trump para organizar um evento na Casa Branca, a agenda do Presidente já incluía planos para participar num comício na Florida, mas no sábado, e num outro, na Pensilvânia, no domingo.

“Sábado será o décimo dia desde o diagnóstico de quinta-feira e, tendo em conta a trajectória dos diagnósticos progressivos que a equipa tem vindo a fazer, antecipo totalmente o regresso seguro do Presidente à vida pública nessa altura”, informou Conley, numa nota sobre o estado de saúde de Trump publicada na quinta-feira à noite.

Mas há especialistas que têm mostrado reservas quanto a um regresso de Trump às acções públicas neste espaço de tempo, tendo em conta o risco para os outros e para a própria saúde do Presidente.

De acordo com as recomendações do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, uma pessoa que teste positivo para o vírus SARS-CoV-2 deve isolar-se no mínimo por dez dias depois do exame ou após o surgimento dos primeiros sintomas. Nos casos mais graves, recomenda-se um isolamento de 20 dias. Quanto a Trump, porém, sabe-se pouco e as informações sobre sintomas e tratamentos têm sido contraditórias ou insuficientes.

Além disso, nota a agência Reuters, a Casa Branca recusou dizer quando é que Trump teve um resultado negativo no teste à covid-19 pela última vez.

Debate entre Trump e Biden na quinta-feira foi cancelado

Ainda sobre as eleições norte-americanas, a Comissão de Debates Presidenciais disse, esta sexta-feira, que o debate agendado para a próxima quinta-feira, entre Donald Trump e Joe Biden, foi cancelado depois de divergências entre os dois candidatos.

A equipa do candidato democrata pretendia que o debate – desta vez com perguntas das pessoas presentes na audiência – fosse realizado virtualmente, uma proposta sempre rejeitada pela equipa de Donald Trump.

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