Ventura diz que “a bola” em matéria de reformas está do lado do PSD e que Costa não sabe ser primeiro-ministro

Líder do Chega reiterou que não vai fazer “arranjinhos à porta fechada” com nenhum partido. E disse que Costa se mostrou tal como é na mais recente polémica com os médicos.

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André Ventura à chegada à rentrée do Chega LUSA/FILIPE FARINHA

O presidente do Chega, André Ventura, disse nesta quarta-feira à noite que a “bola” está do lado do PSD relativamente a um possível entendimento no que respeita às “reformas estruturais” que o partido defende para o país.

“Ou o PSD entende que tem que fazer estas reformas estruturais com o Chega, em vez de apelar a moderações e a menos radicalização, ou então não contará com o Chega, nem para nenhum Governo, nem para nenhuma base de incidência parlamentar”, declarou Ventura no Algarve, questionado pelos jornalistas sobre o que o distanciava do partido liderado por Rui Rio.

Falando à entrada de um jantar-comício em Almancil, no concelho de Loulé, André Ventura reiterou que não vai fazer “arranjinhos à porta fechada” com nenhum partido, sublinhando que, no caso do PSD,  a “bola” está do lado do partido: “A bola não está do nosso lado, ao contrário do que disse o dr. Rui Rio, a bola está do lado do PSD”.

Segundo André Ventura, o partido vai agora formalizar projectos de revisão constitucional em matéria de combate à grande criminalidade, reforma do sistema político, de redução do número de políticos, de castração química de pedófilos e de prisão perpétua.

“É preciso perguntar ao Dr. Rui Rio o que é que ele vai fazer em relação ao projecto de revisão constitucional que o Chega vai apresentar já no início de Setembro, quando voltarmos à sessão legislativa”, frisou o presidente e deputado único do Chega.

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André Ventura acrescentou ainda já ter dito a Rui Rio e também a todos os que falaram consigo: “o Chega não é o CDS. E portanto não contem com o Chega para nenhum acordo de muleta”, reforçou.

Costa “tal como é"

Já durante o discurso, que começou depois da meia-noite, Ventura disse que António Costa “não sabe ser primeiro-ministro” e que se revelou “tal como é” na mais recente polémica com os médicos a propósito do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

“Nós temos um primeiro-ministro que não sabe ser primeiro-ministro. Em que todos os que se lhe opõem responde mal, responde com agressividade e mostra aquilo que é. António Costa perdeu o controlo. Do país e do Governo”, afirmou o líder do Chega. “Nós tivemos o primeiro-ministro a revelar-se tal como é”, acrescentou, referindo-se  às declarações de António Costa em off à margem de uma entrevista ao Expresso.

Sobre este episódio, que originou um reunião de urgência entre o primeiro-ministro e o bastonário da Ordem dos Médicos, o deputado disse estar “espantado” com o silêncio da “grande maioria” do PSD, assim como do BE e do PCP e, também, com a reacção de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Quando vejo o Presidente da República ignorar estas ofensas aos médicos e dizer que o Governo está a fazer tudo o que pode, eu não percebo”, declarou, sugerindo que se fosse ele próprio a fazê-las seria criticado por todos os partidos.

O deputado único do Chega já manifestou intenção de ser candidato às próximas eleições presidenciais.

Esta é a primeira vez que o partido, oficializado em Abril do ano passado, assinala a “rentrée” política, dias antes da eleição do novo presidente e da segunda Convenção Nacional do partido, ambas marcadas para Setembro.

A primeira “rentrée” política do Chega decorreu num clube onde funciona um restaurante e que é simultaneamente um espaço de diversão nocturna, em Almancil, no concelho de Loulé, reunindo 400 pessoas, de acordo com a organização.

*Notícia actualizada com as declarações de André Ventura durante o comício.

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