Pedidos de moratórias representam 20% do crédito particular do Santander

Banco recebeu 70 mil pedidos de suspensão de pagamentos de empréstimos, envolvendo um montante de 7,5 mil milhões de créditos.

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Pedro Castro e Almeida admite necessidade de prolongar moratórias de crédito LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O Banco Santander já recebeu 70 mil pedidos de adesão às moratórias de crédito, por parte de empresas e particulares, envolvendo um total de 7,5 mil milhões de euros de empréstimos.

Os números de acesso às medidas públicas e privadas de suspensão temporária dos pagamentos dos créditos foram revelados esta terça-feira por Pedro Castro e Almeida, presidente da instituição, duramente a audição no Parlamento, que pretende avaliar o que as entidades financeiras estão a fazer para apoiar empresas e particulares no âmbito da actual pandemia de covid-19.

O responsável do Santander, o terceiro banco a ser ouvido pelos deputados esta terça-feira, adiantou que os pedidos de acesso às moratórias representam cerca de 20% da carteira de crédito do banco junto de particulares, e 40% das empresas, excluindo grandes empresas ou entidades públicas.

O acesso à moratória, que suspende os pagamentos de capital e juros, ou apenas de capital, durante seis meses, representa um total de mil milhões de euros que não saem das contas dos particulares ou empresas, adiantou o banco.

Pedro Castro e Almeida referiu que nas moratórias do crédito não há garantias do Estado, “é um risco dos bancos”, admitindo que no final dos seis meses pode haver necessidade de prolongar a medida. No crédito aos particulares, a moratória da Associação Portuguesa de Bancos estabelece um prazo de 12 meses, o que atira o problema - o de saber se os clientes podem retomar os pagamentos -"mais lá para a frente”.

Relativamente à concessão de empréstimos às empresas, o responsável referiu que, só em Março, o banco disponibilizou 500 milhões de euros de crédito às empresas, para além das linhas covid-19. Relativamente a estas últimas linhas, referiu que na linha Capitalizar 2018 – Covid 19, o Santander teve uma quota de mercado de 31%, tendo disponibilizado 120 milhões de euros. Nas novas linhas, o banco pode vir a atribuir 2000 milhões de euros.

“Não podemos aceitar a crítica de que nada estamos a fazer”, afirmou Pedro Castro e Almeida, depois de enumerar o que o banco está a fazer para apoiar empresas e particulares.

Relativamente ao financiamento às empresas, o presidente executivo do Santander admitiu, à semelhança do responsável do BCP, que a concessão de empréstimos tem de obedecer a critérios de avaliação, até porque há empresas que já estavam em dificuldades antes da covid-19.

E sustenta que, boa parte das críticas de que banca não está a conceder crédito, ou de que há muita burocracia, partem essencialmente de dois grupos, as micro empresas que têm dificuldades de tesouraria de curto prazo e maiores dificuldades em reunir a documentação necessária, e e as empresas em situação de crédito vencido ou que têm dívidas ao fisco e à Segurança Social, o que as afasta das linhas covid-19.

O responsável alertou para um problema a que se está a dar pouca atenção e que pode ser extremamente importante para as empresas exportadoras. Trata-se da redução muito significativa dos seguros de crédito, que ultrapassam os 60%, uma situação que está a merecer medidas de apoio em alguns países europeus, como Espanha e Alemanha.

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