Bolsas europeias começam Abril em terreno negativo

Mercados europeus registaram pior trimestre desde 2002 com os efeitos da pandemia da covid-19.

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LUSA/SEDAT SUNA

Começa Abril e fica para trás aquele que foi o pior trimestre das bolsas europeias desde 2002. Contudo, apesar das valorizações da véspera, o começo de sessão nesta quarta-feira não é auspicioso.

Em Lisboa, o índice PSI 20 abriu hoje a negociação em terreno negativo, a cair 1,65%, para os 4.002,41 pontos e com a maioria dos títulos em queda. Jerónimo Martins, Galp Energia, EDP, Sonae SGPS são alguns dos títulos que seguem com perdas acima de 2% neste início de sessão.

Lisboa seguia a tendência das congéneres europeias. O índice Stoxx 600, que agrega as maiores cotadas europeias estava a cair mais de 3% por volta das 8h30, depois de ter terminado a sessão anterior com o pior registo trimestral em 18 anos, como referem a Reuters e a Bloomberg.

Hoje são esperados dados sobre a actividade industrial alemã e a taxa de desemprego na União Europeia

Para já sabe-se que as vendas a retalho alemãs registaram em Fevereiro um crescimento homólogo inesperado de 6,4%, com os consumidores da maior economia europeia a acumularem stocks em casa para anteciparem a situação de quarentena. Em termos mensais, o crescimento foi de 1,2%.

Na Alemanha, como em todo o mundo, um dos primeiros artigos a desaparecer das prateleiras do supermercado foi o papel higiénico. Alimentos, bebidas e tabaco foram os segmentos mais procurados.

Na terça-feira, segundo a Reuters, a bolsa de Tóquio caiu 3,48%, com os receios de que o aumento do número de casos de infecção possa levar o governo nipónico a colocar a capital do país em isolamento forçado. Na Coreia do Sul, o mercado fechou a cair 1,34%.

Nem tudo foi mau nos mercados asiáticos, a bolsa chinesa subiu 0,74%, suportada pela expectativa de que os estímulos lançados por Pequim já estejam a ajudar à recuperação da segunda maior economia mundial.

Dados divulgados na terça-feira indicaram que a actividade industrial chinesa melhorou em Março, depois de uma queda em Fevereiro, ficando acima do esperado pelos analistas.

Semanas difíceis nos EUA

Os principais índices norte-americanos fecharam em baixa, com o Dow Jones a registar mesmo a sua queda trimestral desde 1987 e o S&P 500 a marcar o pior trimestre desde os anos da crise financeira.

A sessão ficou marcada pelas declarações à CNBC da presidente da Reserva Federal de Cleveland, Loretta Mester, que considerou que os efeitos da pandemia na economia norte-americana deverão ser “muito maus” e que a taxa de desemprego da maior economia mundial deverá chegar aos 10%.

Os futuros dos índices norte-americanos seguiam esta manhã em terreno negativo, depois de Donald Trump admitir que os norte-americanos devem preparar-se para duas semanas muito duras.

Quanto ao petróleo, também seguia em baixa neste primeiro dia de Abril, o barril de Brent estava a cair 3,8%, para cerca de 25 dólares. Em Nova Iorque, o barril fechou a cair 1,42%, para 20,19 dólares.

A Reuters nota que a guerra de preços entre produtores, os efeitos recessivos da pandemia da covid-19 e a paralisação da actividade aérea global levaram o Brent e o WTI a terminarem Março com um dos piores desempenhos de que há memória.

Os efeitos da pandemia já levaram a cortes de entre 20% a 30% na procura de petróleo para o mês de Abril e fazem adivinhar mais quebras nos meses que seguem.

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