PSD com “muitas” dúvidas sobre concessão do Coliseu do Porto

Concelhia do Porto considera que a discussão pública sobre o futuro do equipamento deve ser reforçada e não percebe que não se recorra a fundos comunitários para a obra

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O Coliseu está a precisar de obras de reabilitação urgentes Nelson Garrido

A concelhia do Porto do PSD tem muitas dúvidas sobre a viabilidade do modelo de concessão do Coliseu defendido por Rui Moreira. Num comunicado enviado à imprensa, Hugo Neto, presidente deste órgão local dos sociais-democratas, lembra que o espaço cultural já é gerido por uma instituição privada de direito público – a Associação dos Amigos do Coliseu – e não encontra “justificação legal ou política” para que o edifício não venha a ser reabilitado com apoio de fundos comunitários.

Já esta semana, em esclarecimentos prestados ao PÚBLICO, fonte da Comissão de Coordenação da Região Norte, que gere o programa regional, explicava que o Coliseu do Porto seria “genericamente enquadrável no contexto do Norte 2020”. Adiantava que o organismo não recebeu qualquer candidatura mas que, em todo o caso, o dinheiro disponível andaria longe dos 8,5 milhões que Moreira aponta como necessários para a obra. A situação, esclareceu ainda a mesma fonte, pode mudar no final do programa, com a reprogramação de verbas disponíveis em linhas de financiamento menos usadas.

Rui Moreira mostrou-se aberto a outras soluções de financiamento. O problema, tem dito o autarca do Porto, é a urgência na reabilitação. O edifício precisa mesmo de obras, e rapidamente, pelo que a solução apresentada no final de uma reunião dos conselhos municipais de Cultura e de Economia lhe parecia a forma mais eficaz de resolver o assunto: quem ficar com a concessão, faz as obras e recupera o investimento durante o período de exploração da sala.

Mas nem todos estão de acordo. No sábado passado, o presidente da Associação Comercial do Porto apelou a um movimento cívico, no Porto, que garanta a verba para as obras, envolvendo-se num conflito com o vereador Ricardo Valente. Na segunda-feira, na reunião de Câmara, a comunista Ilda Figueiredo mostrou-se favorável a uma solução que envolvesse a cidade, em vez da entrega a privados. Sem pôr em causa a concessão, o socialista Manuel Pizarro estranhou que não haja dinheiro europeu para uma intervenção destas. O social-democrata Álvaro Almeida não disse uma palavra sobre este tema.

A posição do PSD surge agora pela voz de Hugo Neto, antigo gestor da empresa municipal Porto Lazer. Perante todas as dúvidas que se levantam de vários quadrantes, o líder da concelhia apelou “ao reforço da discussão pública em torno do futuro do Coliseu”, um “símbolo” da cidade.

Repensar a Associação de Amigos

“Passados 25 anos do nascimento da Associação de Amigos do Coliseu, faz todo o sentido repensar o futuro da Associação e o futuro deste essencial espaço da Cidade. Se é, hoje, óbvio que o Coliseu precisa, urgentemente de importantes obras, e um facto de que a um dos seus parceiros estratégicos iniciais – a Área Metropolitana do Porto – faltará a vocação para o envolvimento na gestão dum espaço de espectáculos, não é menos verdade que, tal como em 1995, existem na sociedade da cidade e da região, instituições e agentes com vontade de voltar a ajudar a instituição e que a autarquia e a tutela da cultura não podem virar as costas ao futuro do Coliseu porque isso seria virar as costas ao futuro do Porto”.

“O PSD do Porto não diaboliza o investimento privado. Não somos por princípio contra concessões desde que assegurado e salvaguardado o interesse público mas, não podemos esquecer que o Coliseu já é gerido por uma instituição privada de interesse público – a Associação de Amigos do Coliseu”, Neto diz ter muitas dúvidas sobre a viabilidade do modelo proposto por Rui Moreira, “que terá a concordância da Secretaria de Estado da Cultura”, escreve. 

Na perspectiva da concelhia do PSD “Não há justificação legal ou política para que o Coliseu não possa ter a sua reabilitação financiada por fundos comunitários. Não há justificação para que a Câmara do Porto que sobrecarrega fiscalmente os portuenses e que apresenta enormes saldos de gerência vire a cara ao Coliseu e também não há justificação para que um Governo, profundamente centralista, vire, mais uma vez a cara ao Porto, destratando um dos nossos símbolos”. “Não fujam às suas responsabilidades aqueles que não podem fugir”, insiste o social-democrata.

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