Twitter acaba com publicidade política a partir de Novembro

Os responsáveis pelo Twitter acreditam que “o alcance das mensagens políticas deve ser merecido, e não comprado”. A decisão de remover a publicidade política para combater as fake news entra em vigor a 22 de Novembro.

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As acções do Twitter caíram 1,8% nas negociações após o fecho da bolsa Reuters/DADO RUVIC

O Twitter vai acabar com toda a publicidade política na plataforma já a partir do mês de Novembro, anunciou esta quarta-feira através de um comunicado o chefe executivo da empresa. A decisão é revelada numa altura em que várias redes sociais enfrentam pressões para controlar e bloquear a divulgação de informação falsa nas suas plataformas — que tem por objectivo dar um determinado rumo aos resultados das eleições norte-americanas, por exemplo.

“Tomamos a decisão de interromper toda a publicidade política no Twitter globalmente”, afirmou o CEO do Twitter, Jack Dorsey, através daquela rede social. “Acreditamos que o alcance das mensagens políticas deve ser merecido, e não comprado”. A decisão do Twitter entra em vigor a 22 de Novembro.

Ainda que os analistas consultados pela Reuters não acreditem que a medida vá reduzir de forma significativa os negócios da empresa, as acções do Twitter caíram 1,8% nas negociações após o fecho da bolsa.

O Facebook prometeu reforçar as medidas para lidar com a desinformação depois de ser divulgado que a propaganda russa partilhada em várias plataformas afectou o resultado das eleições presidenciais dos EUA em 2016, que elegerem Donald Trump como Presidente norte-americano. Apesar da “promessa”, a rede social fundada por Mark Zuckerberg decidiu não fazer o fact-check nos anúncios políticos, não permitindo assim aos utilizadores saber se a informação veiculada era ou não verdadeira. Esta decisão enfureceu vários candidatos democratas às eleições presidenciais de 2020, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden e a senadora Elizabeth Warren. No início de Outubro, Mark Zuckerberg defendeu a política da empresa, dizendo que não queria sufocar o discurso político.

“Agradecemos que o Twitter reconheça que não deve permitir que difamações não comprovadas, como as da campanha de Trump, apareçam em anúncios na sua plataforma”, disse em comunicado Bill Russo, vice-director de comunicações da campanha de Biden, candidato que chegou a ser confrontado com acusações de Trump, sem provas, sobre os negócios no estrangeiro de um dos seus filhos.

“Uma mensagem política ganha alcance quando as pessoas decidem seguir uma conta ou fazer retweet. Pagar pelo alcance remove essa decisão, forçando mensagens políticas altamente optimizadas e direccionadas às pessoas. Acreditamos que essa decisão não deve ser comprometida por dinheiro. Embora a publicidade na Internet seja incrivelmente poderosa e muito eficaz para anunciantes comerciais, esse poder traz riscos significativos para a política, onde pode ser usado para influenciar os votos e afectar a vida de milhões [de pessoas]”, escreveu o CEO do Twitter.

Jasmine Enberg, analista sénior da empresa norte-americana de pesquisa eMarketer, disse à Reuters que a decisão do Twitter “contrasta fortemente com a do Facebook”, mas acrescentou que é provável que a publicidade política não seja uma parte crítica dos seus negócios. “E, dada a natureza da plataforma, pessoas, editores e políticos ainda usarão o Twitter para discutir políticas de forma orgânica, o que significa que isto não resolverá completamente o problema de desinformação”, referiu ainda a analista.

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