O fantasma de António de Oliveira Salazar

Ser anti-salazarista em 2019 é uma patetice. Mais: é uma afronta aos que efectivamente resistiram a Salazar, e não ao seu fantasma.

António de Oliveira Salazar é o fantasma mais rentável de Portugal. O seu nome está na capa de centenas de livros que vendem dezenas de milhares de exemplares. A sua vida privada é alvo de especulações picantes e de séries de televisão. O seu legado anima concursos polémicos sobre os grandes portugueses. Salazar preenche a vida de salazaristas e de anti-salazaristas, e embora os segundos sejam muito mais numerosos do que os primeiros, fingem não ser, para se acharem importantes. Salazar paga as contas a uma vasta legião de historiadores ocupados a patrulhar o seu legado, e aquilo que sobre ele podemos dizer e pensar. Salazar anima a vida de inúmeros activistas que o transformaram no seu monstrinho favorito. Salazar bate recordes num dos mais reconfortantes passatempos nacionais: a assinatura de petições públicas para impedir pessoas de fazerem coisas. Salazar está morto e enterrado há 50 anos. Mas o seu cadáver continua a provocar tremendas paixões.

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