Negrão garante que houve “articulação” com direcção do PSD sobre diploma dos professores

Hugo Soares criticou a direcção de Rui Rio por tentar passar as responsabilidades para a bancada.

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Fernando Negrão falou em sintonia total entre a bancada e a direcção LUSA/RUI FARINHA

O líder da bancada do PSD assegurou ter havido “articulação" entre a direcção da bancada e a liderança do partido” no processo legislativo da contagem do tempo integral das carreiras congeladas dos professores. Fernando Negrão falava aos jornalistas, depois de uma reunião com os deputados sociais-democratas, na qual pelo menos um elemento acusou a direcção nacional de passar as responsabilidades para o grupo parlamentar sobre a polémica.

Questionado sobre se os deputados sentem que são o bode expiatório do caso – que levou à ameaça de demissão do primeiro-ministro – Fernando Negrão rejeitou a ideia. “Nós articulámos sempre com a direcção do partido”, disse, lembrando que faz parte, por inerência, da comissão permanente do PSD.

O líder da bancada também disse não ter ouvido ninguém do PSD ter falado em recuo por parte do partido já que o que foi votado na comissão de educação, na semana passada, foi “artigo a artigo” e não a votação final global. Os jornalistas perguntaram ainda se considerava que Rui Rio tinha “lavado as mãos do caso ao dizer que não é deputado”, o que o líder da bancada também rejeitou. Sobre o facto de Rui Rio só assumir a posição do partido no domingo – dois dias depois da ameaça de demissão de António Costa – Fernando Negrão justificou essa decisão com o facto de a “discussão” estar entre o primeiro-ministro e o líder do PSD.

Na reunião desta quinta-feira de manhã, ao que o PÚBLICO apurou, o ex-líder da bancada do PSD Hugo Soares foi crítico da actuação da direcção de Rui Rio neste processo, acusando-a de passar culpas para o grupo parlamentar sobre este caso tal como já tinha acontecido noutras ocasiões. Hugo Soares recordou os exemplos do deputado Ricardo Baptista Leite que foi desautorizado pelo líder do partido depois de pedir a demissão do ministro da Saúde e do próprio Fernando Negrão quando foi acusado pela direcção nacional de fazer a bancada “votar à revelia” do que foi decidido uma proposta sobre combustíveis.

A intervenção de Hugo Soares aconteceu depois de uma outra de Pedro Pinto, que liderou há meses a revolta das distritais contra a liderança de Rui Rio e que veio em defesa da direcção. Pedro Pinto, que foi vice-presidente de Passos Coelho, sustentou que o PSD sempre sustentou o princípio de que se teria de recuperar o tempo das carreiras congeladas. 

Hugo Soares contestou esta ideia e assegurou nunca ter sido esta a posição do PSD por razões de justiça, equidade e sustentabilidade. Para o antigo líder da bancada o PSD, a votação dos artigos das propostas de alteração ao decreto do Governo só aconteceu daquela forma por se pensar que a questão gerava embaraço ao PS. Se fosse de outra forma, segundo Hugo Soares, o PSD teria de ter assumido no final das votações da comissão, na quinta-feira, que o jogo não tinha acabado e que as normas das condições financeiras tinham de ser avocadas. Hugo Soares disse não ter ouvido isso, na sexta-feira, por parte da deputada coordenadora, Margarida Mano, nem de Rui Rio. 

O ex-líder da bancada do PSD lembrou que vários deputados, ele próprio, e Maria Luís Albuquerque bem como Nilza de Sena, alertaram para os riscos desta solução há alguns meses numa reunião da bancada parlamentar.

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