Sri Lanka: explosão e troca de tiros entre soldados e suspeitos dos atentados

A ocorrência de uma explosão e troca de tiros entre soldados e suspeitos dos atentados do domingo de Páscoa no Sri Lanka está a ser noticiada pela imprensa local.

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Reuters/Dinuka Liyanawatte

Uma explosão seguida de uma troca de tiros com possíveis suspeitos do atentado terrorista do domingo de Páscoa, no Sri Lanka, está a ser noticiada por meios de comunicação locais.

O tiroteio teve lugar quando forças de segurança cercaram uma alegada fábrica de bombas artesanais na cidade de Sammanthurai, a cerca de 300 quilómetros da capital Colombo.

Um porta-voz do exército disse que houve registo de uma explosão na área e que, quando os soldados se aproximaram do local, foram recebidos com tiros.

A informação é avançada pela Sky News, que cita meios de comunicação locais. Não há até ao momento registo de mortos. As autoridades cingalesas têm conduzido vários raides por todo o país para conseguirem obter mais informação sobre os atentados que vitimaram mais de 250 no passado domingo.

O Daesh reivindicou a autoria dos atentados no Sri Lanka. A polícia está à procura de 140 suspeitos com alegadas ligações ao grupo terrorista.

As igrejas católicas no país cancelaram as missas de domingo até que haja desenvolvimentos relativos aos últimos ataques.

Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro cingalês, Ranil Wickremesinghe, dirigiu-se ao país, pedindo desculpa por não ter conseguido proteger as vítimas dos ataques bombistas.

“Assumimos responsabilidade colectiva e pedimos desculpa aos nossos prezados cidadãos por termos falhado na protecção às vítimas destes trágicos eventos”, escreveu Wickremesinghe no Twitter.

“Prometemos reconstruir as nossas igrejas, reanimar a nossa economia e tomar todas as medidas para prevenir o terrorismo, com o apoio da comunidade internacional”, acrescentou.

País em alerta

Pelo país, ainda a recuperar das explosões que mataram mais de 250 pessoas, foi feito um apelo aos muçulmanos para rezarem nas suas casas depois de os serviços de inteligência do Estado terem avisado de que mais ataques possam surgir em zonas de culto religioso.

O arcebispo de Colombo, Malcolm Ranjith, disse aos jornalistas no local que teve acesso a um documento de segurança interna que indicava a possibilidade de novos ataques em igrejas no Sri Lanka. Como medida preventiva, não haverá missas católicas no próximo domingo em qualquer lugar da ilha localizada a sul do oceano Índico.

O Presidente Maithripala Sirisena sabe que há jovens do Sri Lanka envolvidos com o Estado Islâmico desde 2013, os mesmos que podem estar entre as 140 pessoas procuradas. “A polícia está a tentar prendê-los”, disse.

Cerca de dez mil soldados foram posicionados em todo o país para realizar buscas e garantir a segurança em centros religiosos, disseram os militares na sexta-feira.

O All Ceylon Jamiyathul Ullama, principal órgão religioso islâmico do Sri Lanka, pediu aos muçulmanos que realizem orações em casa, caso “haja necessidade de proteger a família e as propriedades”.

Desde os ataques, a polícia do Sri Lanka já deteve pelo menos 76 pessoas, incluindo estrangeiros da Síria e do Egipto.

O Estado Islâmico não deu quaisquer provas de que esteve na autoria dos ataques em Colombo. A comprovar-se a participação do Daesh, será um dos piores ataques realizados pelo grupo fora do Iraque e da Síria. O grupo extremista divulgou na terça-feira um vídeo onde oito homens, todos (à excepção de um elemento) com o rosto tapado, de pé sob uma bandeira negra do Estado Islâmico e a declarar lealdade ao seu líder, Abu Bakr Al-Baghdadi.

O governo disse que oito dos nove bombistas nos ataques no domingo de Páscoa já foram identificados. Um deles é uma mulher.

Até agora, as autoridades concentraram as suas investigações em ligações internacionais a dois grupos islâmicos nacionais – o National Thowheed Jamath e o Jammiyathul Millathu Ibrahim – que acreditam terem realizado os ataques.

O governo e autoridades reconheceram que cometeram um grande erro em não partilhar amplamente um alerta de inteligência com a Índia antes dos ataques, que estavam em iminência há cerca de duas semanas. O secretário de Defesa, Hemasiri Fernando, já renunciou ao cargo por não ter conseguido impedir o trágico incidente.

O Presidente Maithripala Sirisena culpou o primeiro-ministro pelo facto de o governo ter enfraquecido o sistema de inteligência, concentrando-se no julgamento de militares por supostos crimes de guerra durante uma década de guerra civil com separatistas tamil que terminou em 2009.

O cardeal Ranjith apenas disse que a Igreja não foi informada sobre a eventualidade dos ataques. “Nós não sabíamos nada. Isto veio como um raio para nós”, disse.

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