Vinho do Porto quer fazer promoção com saldo de “oito milhões” do IVDP

Associação de exportadores está "enormemente preocupada" com proposta da esquerda parlamentar para a Casa do Douro que virá, acusam, "politizar de novo a região".

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Adriano Miranda

As empresas de vinho do Porto reclamam “um investimento suplementar na promoção” e dizem que o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) tem “oito milhões de euros” que podem ser usados para esse fim. A proposta foi hoje apresentada esta sexta-feira pelo reeleito presidente da direcção da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), António Saraiva, na cerimónia em que tomaram posse os corpos sociais da instituição para o triénio 2019-2021.

António Saraiva, que vai cumprir o seu quarto mandato, lançou um “claro apelo” à inversão do ciclo de quebra de vendas no vinho do Porto e à manutenção das vendas crescentes de vinho DOC Douro, as quais geraram uma receita global de “555 milhões de euros”, sendo 370 milhões resultantes da exportação.

“Em termos nacionais, a Região Demarcada do Douro representa 45% do valor total das exportações de vinhos portugueses”, observou. Na última década, porém, de acordo com o mesmo responsável, as exportações de vinho do Porto caíram 13% em volume, embora tivessem subido 4,8% em valor.

António Saraiva considerou “urgente inverter a tendência de quebra do mercado do vinho do Porto”, pelo que é essencial um investimento suplementar na promoção do produto”.

O presidente da AEVP referiu depois que “o vinho do Porto é o vinho com denominação de origem que em Portugal tem a certificação mais cara por litro”, mas, prosseguiu, “as taxas pagas não são, como deviam, revertidas em serviços prestados ao produto e à região”.

O problema, segundo António Saraiva, reside no facto de o IVDP estar sujeito às regras aplicadas à despesa e à contabilidade públicas, apesar de ter autonomia financeira.

O instituto vive das taxas que lhe são pagas e, “neste momento, o saldo existente situa-se de novo à volta dos oito milhões de euros, sem poder ser aplicado”.

António Saraiva afirmou também que as empresas que comercializam vinho do Porto não são tratadas de igual modo face às de outras regiões na distribuição das verbas comunitárias para a promoção externa das marcas, o que, considerou, falseia a concorrência.

O responsável é de opinião que os oito milhões de euros que diz ser “o saldo existente” no IVDP, “exclusivamente proveniente das taxas pagas pelo vinho do Porto”, deveriam ser para “investimentos maciços na promoção” e, também, em informação para a tomada de decisões estratégicas.

António Saraiva abordou ainda a “proposta parlamentar de novos estatutos para a Casa do Douro, que “preocupa enormemente” a associação a que preside. “Ela não se identifica nem com a região nem com os viticultores”, acusou.

Notícias recentes indicam que o PS, CDU e Bloco de Esquerda pretendem recuperar a Casa do Douro enquanto associação pública de inscrição obrigatória dos viticultores durienses, o que para a AEVP pode acabar com “a estabilidade conseguida nestes últimos anos, politizando de novo a região”.

“Nuca poderemos aceitar que a Região Demarcada do Douro seja uma moeda de troca de um qualquer acordo politica, que nada terá a ver com a nossa região”, salientou António Saraiva no seu discurso de posse, a que assistiu o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira.

A AEVP é uma entidade que reúne “19 empresas que representam 93% da comercialização de vinho do Porto, 35% da Comercialização de DOP Douro e 20% da área de vinha da Região Demarcada do Douro”.

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