China condena "ajuda humanitária com objectivos políticos" na Venezuela

Pequim diz que a comunidade internacional tem de prestar uma "ajuda construtiva" ao país, através do governo de Nicolás Maduro.

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Os confrontos do fim-de-semana fizeram mais de 300 feridos e pelo menos quatro mortos LUSA/Joedson Alves

Depois dos confrontos do fim-de-semana nas fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil, que fizeram mais de 300 feridos e pelo menos quatro mortos, a China veio pedir à comunidade internacional que preste uma "ajuda construtiva" ao país, para além da "chamada 'ajuda humanitária' com objectivos políticos".

Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, os mais de 50 países que reconhecem Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela devem "respeitar a soberania" do país e enviar ajuda humanitária através do governo do Presidente Nicolás Maduro.

"Voltamos a pedir ao governo e à oposição na Venezuela que procurem uma solução política no quadro da lei e da Constituição, e apelamos à comunidade internacional para que faça mais em benefício da estabilidade da Venezuela e do seu desenvolvimento económico e social", disse o ministério chinês.

Segundo o mesmo comunicado, a China "espera que a comunidade internacional providencie ajuda construtiva à Venezuela, com a condição de respeitar a soberania do país".

Nicolás Maduro foi reeleito para um segundo mandato presidencial em 2018, numas eleições boicotadas pela oposição e consideradas ilegítimas pelos EUA e pela União Europeia.

Ao tomar posse, em Janeiro, a oposição considerou que Maduro estava a "usurpar" o poder e proclamou o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como Presidente interino. Cinquenta países já o reconheceram.

Nas últimas semanas, os EUA e o Brasil enviaram toneladas de alimentos e medicamentos para a fronteira da Venezuela, a pedido de Guaidó, que a oposição quer distribuir pela população sem autorização do governo.

Nicolás Maduro diz que a tentativa de fazer entrar camiões com alimentos e medicamentos na Venezuela é uma jogada de propaganda para forçar o regime a fazer uma de duas coisas – ou permite a entrada, e enfraquece a sua oposição; ou proíbe a entrada, e reforça a sua imagem de regime violento.

No domingo, Juan Guaidó chamou "sádico" a Maduro por não ter autorizado a entrada dos camiões na Venezuela. E pediu aos países que o apoiam – como os EUA e a maioria dos países da União Europeia – que mantenham em cima da mesa "todas as opções" para afastar Maduro.

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