No último dia do ano sonda da NASA entra em órbita do asteróide Benu

O grande objectivo desta missão é recolher amostras do asteróide e trazê-las para a Terra.

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Pólo Norte de Benu NASA/Goddard/Universidade do Arizona

Na próxima segunda-feira, enquanto nos preparamos para festejar a passagem de ano, uma sonda da NASA vai entrar em órbita de um asteróide. A possibilidade de inserção da OSIRIS-REx na órbita do asteróide Benu (nome, em português, de uma ave na mitologia egípcia) começará pouco depois das 16h (hora de Lisboa).

Lançada em 2016, a sonda OSIRIS-REx chegou (ou seja, moderou a sua velocidade, ficou a 19 quilómetros e começou a fase de aproximação) a Benu no início de Dezembro. Desde então, a equipa desta missão fez levantamentos preliminares sobre este asteróide com cerca de 500 metros de diâmetro, passando a sete quilómetros de altitude dos pólos e do equador para determinar a sua massa. É que a massa do asteróide afectará a atracção gravitacional, o que influencia a inserção da sonda na sua órbita.

A OSIRIS-REx permanecerá na órbita do asteróide até meados de Fevereiro do próximo de ano. Depois, iniciará uma série de voos de aproximação para mais levantamentos sobre o asteróide. “Durante a primeira fase orbital, a sonda orbitará o asteróide a uma distância entre 1,4 e dois quilómetros do centro de Benu – estabelecendo novos recordes para um pequeno corpo orbitado por uma sonda e para uma órbita mais próxima de um corpo planetário”, refere a NASA em comunicado.

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Ilustração da sonda OSIRIS-REx a tocar no asteróide Benu NASA

O grande objectivo da OSIRIS-REx é recolher amostras do asteróide e trazê-las para a Terra – regresso que deverá acontecer em 2023 –, para mais estudos. Para isso, irá tocar apenas durante cinco segundos na superfície de Benu. Se tal acontecer, esta será a primeira sonda norte-americana a fazê-lo. No entanto, o primeiro país a aterrar na superfície de um asteróide foi o Japão, com dois pequenos robôs lançados da sonda Hayabusa 2. O feito aconteceu em Setembro deste ano no asteróide Ryugu, que tem pouco menos de um quilómetro de diâmetro e está a cerca de 300 milhões de quilómetros da Terra. Já em 2014, o módulo File (libertado pela sonda Roseta), uma missão histórica da Agência Espacial Europeia, aterrou pela primeira vez num cometa, o 67P/Churiumov-Gerasimenko.

“Os asteróides são o que resta do processo de formação do sistema solar que começou há mais de 4500 milhões de anos. Ao estudarmos o Benu, revolucionaremos a nossa compreensão do início do sistema solar e aprendermos mais sobre a história planetária e a origem da vida”, indica a NASA.

Existe cerca de 500.000 asteróides no nosso sistema solar. Por que foi escolhido o Benu? Primeiro, porque é um dos asteróides considerado um Objecto Próximo da Terra (NEO, na sigla em inglês). Por exemplo, a distância de Benu à Terra varia entre 449 mil e 344 milhões de quilómetros. Há cerca de sete mil asteróides nesta categoria, mas só 192 tinham uma órbita que convinha a esta missão.

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Imagem (a partir devárias) do asteróide Benu a 24 quilómetros NASA/Goddard/Universidade do Arizona

Depois, foi escolhido porque tem um diâmetro superior a 200 metros e é lento o suficiente para que a OSIRIS-REx consiga executar as suas funções. Os asteróides com menos de 200 metros de diâmetro têm uma rotação demasiado rápida e podem ejectar material. Só existiam 26 candidatos com estas características.

Por fim, foi seleccionado pela sua composição química: é rico em carbono. “Os asteróides mais primitivos são ricos em carbono e não têm mudanças significativas desde que se formaram há aproximadamente quatro mil milhões de anos. Estes asteróides têm moléculas orgânicas, voláteis e aminoácidos que podem ser precursores da vida na Terra”, refere a NASA. Apenas cinco asteróides eram primitivos e ricos em carbono. Acabou por ser escolhido o Benu.

Este asteróide completa a sua órbita à volta do Sol em mais de um ano terrestre e fica mais próximo da Terra a cada seis anos. Devido a estes encontros tão perto da Terra é “provável” que no final do século XXII tenha um impacto com a Terra, refere a agência espacial norte-americana. E acrescenta: “O tamanho, a composição primitiva e a perigosa órbita fazem dele um dos NEO mais fascinantes e acessíveis. É o asteróide ideal para ser o alvo da OSIRIS-REx.

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