Sonda japonesa já chegou ao seu destino: um asteróide

O grande objectivo desta missão é a recolha de amostras do asteróide Ryugu para o estudo da origem e evolução do nosso sistema solar.

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A sonda foi lançada no final de 2014 Akihiro Ikeshita/Jaxa

Em japonês, a palavra “hayabusa” significa “falcão”. Hayabusa 2 é também o nome da sonda da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa) que chegou ao asteróide Ryugu esta quarta-feira. Lá, vai recolher amostras desse asteróide para o estudo da origem e evolução do sistema solar. Nesse momento, este “falcão” espacial está a cerca de 20 quilómetros do seu destino final, entrando em órbita do asteróide.

A Hayabusa 2 partiu em direcção ao Ryugu em Dezembro de 2014. O grande objectivo é descer até à superfície do asteróide, recolher amostras e trazê-las para a Terra. Para quê? Para que os cientistas procurem água e matéria orgânica nessas amostras e possam ter mais informações sobre a composição original do nosso sistema solar, assim como compreender a formação dos planetas e as condições que permitiram o aparecimento de vida na Terra.

Com cerca de 600 quilos e uma envergadura (quando está com os painéis solares abertos) de seis metros, a sonda foi equipada com instrumentos científicos como um laser para observar o campo de gravidade ou as características da superfície, uma câmara para melhorar a observação do solo ou um espectrómetro para estudar a composição do asteróide. Também levou consigo um pequeno módulo de aterragem e três rovers. Um deles chama-se Mascot (Mobile Asteroid Surface Scout), pesa cerca de nove quilos e deverá pousar, pela primeira vez, no Ryugu em Outubro. O Mascot vai “saltar” de um sítio para o outro no asteróide e irá procurar informações detalhadas sobre o solo.

A Hayabusa 2 tem estado em contagem decrescente na sua aproximação ao asteróide e, desde o início de Junho, a agência espacial japonesa tem-nos mostrado algumas imagens dessa aproximação. Começámos por ver o asteróide a 2600 quilómetros, já chegámos a observá-lo a 700, 240 e a 40 quilómetros (no domingo). “Agora, as crateras são visíveis, as rochas são visíveis e as características geográficas podem ser vistas dependendo de lugar para lugar. A forma do Ryugu é cientificamente surpreendente”, considerou Yuichi Tsuda, coordenador do projecto no site da Jaxa sobre a sonda.

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Imagem do asteróide a 40 quilómetros da sonda Jaxa

Nesta quarta-feira, a Hayabusa 2 ficará a 20 quilómetros do asteróide (situado a quase 300 milhões de quilómetros da Terra), chegando assim ao seu destino. A sonda fará então levantamentos no Ryugu durante um ano e meio: o módulo de aterragem e os rovers irão pousar na superfície e um dispositivo (com explosivos) desenterrará amostras de rocha do interior do asteróide. 

“Primeiro iremos ficar a 20 quilómetros, mas no final de Julho ficaremos a cerca de cinco quilómetros da superfície e então iremos ter mais imagens detalhadas do solo”, disse ao site SpaceFlight Now Makoto Yoshikawa, coordenador desta missão. “Em Agosto, iremos medir a gravidade do Ryugu e, nesse caso, iremos enviar a sonda até a um quilómetro da superfície.” A primeira fase de recolha de amostras deverá começar entre Setembro e Outubro, quando o módulo de aterragem ou os rovers descerem até à superfície do asteróide, segundo um calendário da Jaxa.

Um palácio submarino

Descoberto em 1999, o Ryugu é considerado um asteróide antigo. Tem menos de um quilómetro de diâmetro e uma forma mais ou menos esférica. É um asteróide do tipo C – rico em carbono – , dá uma volta ao Sol em pouco mais de um ano, gira sobre si próprio em mais de sete horas e meia, é perpendicular à sua órbita e tem um campo gravitacional 60 mil vezes mais fraco que o da Terra. O seu nome surgiu a partir de um concurso da Jaxa e é o mesmo de um palácio submarino de um conto japonês.

Esta é já a segunda missão da família Hayabusa. Lançada em 2003, a Hayabusa chegou ao asteróide Itokawa em 2005. O objectivo desta sonda era também a recolha de amostras do asteróide, mas houve problemas durante a missão. Por exemplo, durante o seu regresso, teve problemas de propulsão. A sonda acabou por chegar ao nosso planeta em 2010 com pequenas amostras do asteróide. Acabou por ser assim a primeira sonda a trazer amostras de um asteróide para a Terra.  

A Hayabusa 2 será a primeira a trazer amostras do espaço de um cometa do tipo C e foi já concebida a pensar nos problemas que ocorreram na missão anterior. “A Hayabusa foi um demonstrador tecnológico, então o seu principal propósito era a tecnologia e o seu segundo era a ciência. Para a Hayabusa 2, a ciência é o principal propósito”, refere Makoto Yoshikawa. “Em ambas as missões, procuramos aprender sobre a origem do sistema solar, mas na Hayabusa 2 queremos compreender a matéria orgânica e a água no início do sistema solar.”

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A primeira recolha de amostras deverá acontecer entre Setembro e Outubro Jaxa

Também no final deste ano, a sonda Osiris-Rex, da NASA, irá chegar ao asteróide Bennu. Lançada em 2016, a sua ambição é fazer o mapa da superfície do asteróide e um inventário da sua composição química e mineral. A sonda chegará ao nosso planeta em 2023. Também temos tido encontros com outros corpos do sistema solar. Por exemplo, em 2014, a sonda Roseta encontrou-se com o cometa 67P/Churiumov-Gerasimenko e o robô File (que pertencia à sonda) aterrou nele. 

O início da viagem de regresso da Hayabusa 2 está agendado para o final de 2019 e deverá chegar à Terra – com as amostras – em Dezembro de 2020. Aguardemos então para saber que segredos nos reserva o palácio submarino do nosso sistema solar.

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