EUA e China no G20 à procura de uma trégua

Apesar de manter o tom crítico às políticas seguidas pela China, Donald Trump diz que há “alguns sinais positivos” nas negociações que decorrem a poucas horas do seu jantar em Buenos Aires com Xi Jinping.

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LUSA/LUKAS COCH

Com as comitivas dos Estados Unidos e da China à procura de um entendimento de última hora que permita aos dois presidentes anunciarem este sábado uma trégua na guerra comercial, Donald Trump deu, nas declarações aos jornalistas, sinais contraditórios sobre a forma como estão a correr as discussões.

Já em Buenos Aires, onde arrancou esta sexta-feira, a cimeira do G20, o presidente norte-americano começou, no anúncio do novo acordo comercial assinado entre os EUA, México e Canadá, por criticar a prática “tão intensa e tão má” de “alguns países” de manipulação da sua divisa, num recado claramente dirigido à China e à sua política de manutenção do iuan a um nível competitivo para as suas exportações.

No entanto, passadas algumas horas, num novo contacto com a imprensa, Donald Trump revelou que as negociações estão a decorrer e que “há alguns sinais positivos”. “Se conseguirmos um acordo, isso será positivo. Penso que eles o querem e que nós gostaríamos”, afirmou, apresentando Larry Kudlow, o seu conselheiro económico e visto como um moderado na política comercial, como o responsável pelas negociações com a China.

Um acordo nas próximas horas permitiria que Donald Trump e Xi Jinping, o presidente chinês, pudessem ter algo para apresentar no final do jantar que têm agendado para este sábado. O encontro entre os dois presidentes está a ser aguardado com grande expectativa pelos mercados, que têm vindo a ser afectados pelas perspectivas de prolongamento ou mesmo escalada do conflito comercial entre os EUA e a China.

Em cima da mesa, poderá estar a possibilidade de uma trégua entre os dois países, em que os EUA aceitariam não avançar com a subida de 10% para 25% agendada para o início de 2019 nas taxas alfandegárias de 200 mil milhões de dólares de importações provenientes da China. Pequim em contrapartida daria sinais de cedência na abertura dos seus mercados aos produtos e investimentos norte-americanos.

A cimeira do G20 – que reúne as principais potências económicas mundiais e os maiores países emergentes – está a ser marcada, para além questões comerciais, pela decisão dos EUA de cancelar o encontro bilateral agendado entre Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin e pelo desconforto que a presença do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, está a causar em vários outros líderes.

Do lado europeu, a participação na cimeira foi tornada ainda mais discreta, depois de Angela Merkel, a chanceler alemã, ter chegado atrasada devido a uma avaria no avião que a transportava para Buenos Aires.

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